Um dos seriados mais surreais (no bom sentido) já feitos para a TV norte-americana: Pushing Daisies. É a história de Ned (Lee Pace), um tímido confeiteiro que pode ressuscitar os mortos com o toque - mas só durante 1 minuto, senão outra pessoa morre no lugar. Além de assar tortas, Ned aproveita seu dom para fazer um bico de caçador de recompensas, perguntando para vítimas de assassinato quem as matou e coletando o dinheiro da recompensa. Um belo dia, ele acaba trazendo de volta sua antiga paixão de infância, Chuck (Anna Friel), e não tem coragem de enviá-la de volta para o além. Resultado: se tocar nela de novo, como faz com as outras vítimas, ela morre. Para sempre.Mesmo com a premissa bizarra e apenas 9 episódios produzidos por causa da greve dos roteiristas, a série foi indicada ao Globo de Ouro de melhor comédia. Lee Pace e Anna Friel também garantiram indicações ao prêmio por sua atuação.

O Ultra conversou com Pace durante sua visita ao Brasil para promover a série, numa entrevista coletiva realizada em São Paulo no final de março:

1 - Como você definiria Pushing Daisies?

É um conto de fadas sobre um cara que pode trazer coisas mortas de volta, e as complicações que vêm com esse dom. E é engraçado, é uma comédia, apesar dos elementos mais dramáticos. É difícil definir. É uma série muito estranha. Costumam dizer que é uma "dramédia", mas não sei se é como eu definiria. Tem alguns momentos tristes entre Chuck e Ned. Mas em seguida você vê eles tentando lidar com o fato de que não podem encostar um no outro de um jeito engraçado, como se beijar usando filme plástico.

2- O fato de ser uma espécie de conto de fadas significa que não veremos episódios mais sombrios no futuro?

Convenhamos, tem uma coisa meio George A. Romero nessa história de ressuscitar os mortos.Vamos ter, sim, episódios mais sombrios. Ned matou por acidente o pai da Chuck, e quando isso é revelado ela não fica nada feliz. Fora que Ned tem um entendimento da vida e da morte que a maioria das pessoas não têm, por causa de sua proximidade com ela. Ele sabe o quão doloroso é matar alguém, ou perder alguém que você ama. Mas ele também sabe como a vida é boa e como é importante viver do jeito que você quer.

3 - Hm, ok, mas e quanto a uma invasão de ex-mortos ou um arquivilão que usa a mesma habilidade de Ned para o mal?

Eu espero que não tenha um monte de gente com poderes especiais em Pushing Daisies... Acho que já é o suficiente sendo uma história sobre um cara que tem uma habilidade estranha e só, não é um mundo de magia. Eu sei que uma das coisas que o Bryan [Fuller, criador da série e também roteirista de Heroes] quer fazer na segunda temporada é focar nos personagens principais. Mas eventualmente um inimigo pode ser uma boa idéia. Talvez um rival pela atenção de Chuck... Tem um episódio no primeiro ano em que Ned acha que Chuck está dando em cima de outro cara. Ele é tão tímido e deslocado do mundo ao redor que é engraçado vê-lo sob pressão em situações como essa.

4 - Você e o Bryan vieram de uma experiência negativa com outra série [Wonderfalls, também criada por Bryan Fuller e estrelada por Pace, foi cancelada em 2004 pela Fox após quatro semanas no ar]. Qual foi a importância do apoio da emissora e dos estúdios na produção de Pushing Daisies?

A diferença entre o tratamento dado pela Fox a Wonderfalls e o apoio que estamos tendo da Warner Brothers e da ABC é a mesma entre a noite e o dia. Pushing Daisies não é como Lei & Ordem ou CSI, onde se você seguir a fórmula do A, B, C e D você tem um programa de uma hora. É diferente, é uma série única. Sem o apoio do estúdio acho que não poderíamos ter feito tão bem.

5 - Alguma coisa que você faria diferente na primeira temporada?

Meu corte de cabelo estava horrível. Começou bem mais aí ficou ruim ruim ruim ruim ruim. Sério, não sei como as pessoas podiam achar que estava bom.

Vale lembrar que os dois primeiros episódios foram dirigidos por Barry Sonnenfeld (de Homens de Preto). Pushing Daisies vai ao ar todas as quintas, às 21h, no Warner Channel.