A Mulher e a Placenta
Sentada com amigos também acadêmicos de
enfermagem, conversávamos sobre o fato da parturiente que causou notícia ao
criar uma confusão no hospital onde foi parir. Uma das amigas não tinha
conhecimento do caso. Após conversas e opiniões sobre o caso, que na época foi
de grande conhecimento no meio e rede sociais, resolvi apresentar aqui a notícia
como foi apresentada em um periódico eletrônico e o (não totalmente comprovado)
relato da jovem sobre o mesmo.
Eu espero como cidadã e enfermeira em
potencial, que a mulher seja sempre informada de seus direitos e deveres, tenha
total conhecimento sobre seu corpo e o funcionamento deste (caso vivido de uma
jovem de 16 anos na maternidade que estagio que não sabia que tinha útero e nem
ao menos onde estava localizado seu bebê dentro de si), a necessidade da
independência seja ela financeira, social, moral ou de conhecimento; pois hoje
em dia vejo mais e mais meninas sendo jogadas em uma situação de chefe de família,
onde elas se vêem como mãe solteira, sem apoio nenhum do pai da criança ou
mesmo de sua própria família. Uma responsabilidade (a maternidade) que muitas não
levam a sério ou dão à devida importância, mas é crucial, pois o pátrio poder é
de conseqüência ad aeternum, ou seja, para todo o sempre.
07/07/2014 19h06 - Atualizado em 08/07/2014 08h19
Mulher come
placenta após parto em Natal, diz obstetra
Caso ocorreu em hospital da Zona Leste
na quarta-feira (2).
Médico falou que não sabia da prática, que se espalha pelos EUA.
Do G1 RN
O caso de uma
mulher que comeu a própria placenta chamou a atenção da equipe médica de um
hospital na Zona Leste de Natal. A paciente pediu uma tesoura para cortar e
comer o órgão e deixou o hospital com o bebê três horas e meia depois do parto,
segundo o relato do obstetra Iaperi Araújo, que usou as redes sociais para
contar a história. "Pediu uma tesoura pra cortar um pedaço e um pouco de
coentro pra temperar. Não tinha. Comeu sem o tempero. Nunca vi isso na minha
vida", disse o médico.
A placentofagia -
prática de guardar a placenta após o nascimento do bebê para comê-la - vem
crescendo nos Estados Unidos. Apesar de a prática ser comum entre os animais,
não existem evidências antropológicas de que a prática existiu entre humanos.
Não há registros de que a placentofagia faça mal.
O caso aconteceu
na quarta-feira (2), mas Iaperi Araújo só falou sobre o caso nas redes sociais
neste domingo (6). O obstetra afirma que a mulher chegou ao hospital por volta
das 20h30 pois estava havia 30 horas em casa e o quadro não evoluía. "Não
tinha médico nem fez pré-natal e me tratou mal. Não me deixou examinar, gritou
comigo e respondi", afirma Araújo. O obstetra conta que a paciente aceitou
fazer a anestesia, mas pediu que o pai fizesse o parto. "Não permiti e o
pai disse que não era médico", contou ao G1.
Depois de muita discussão, o médico explica que o bebê nasceu por volta das 23h30. O pai da paciente cortou o cordão, no entanto a mulher teria voltado a gritar afirmando que a placenta era dela. "Coloquei dentro de um saco e a entreguei. A mãe convenceu ela a deixar uma neonatologista examinar. Quando a médica foi levar o recém-nascido para o berçário a paciente surtou e saiu correndo nua pelo corredor", diz o obstetra.
De acordo com o médico, a mulher ficou batendo no vidro do berçário. "Uma hora o pai chegou, arrombou a porta e levou a criança. A mãe e os familiares dela se trancaram em um quarto no terceiro andar e lá ficaram. Só abriram a porta para pedir uma tesoura porque a paciente ia comer a placenta", diz Araújo. O obstetra conta que as pessoas só saíram do quarto às 3h. "Todos saíram. Ela estava com a placenta dentro do saco", explica.
Araújo conta que ficou chocado com o fato e que não pretende mais fazer partos. "Foi a gota d'água na minha história de obstetra. Vou fazer os últimos partos das minhas pacientes grávidas", encerra o médico.
Depois de muita discussão, o médico explica que o bebê nasceu por volta das 23h30. O pai da paciente cortou o cordão, no entanto a mulher teria voltado a gritar afirmando que a placenta era dela. "Coloquei dentro de um saco e a entreguei. A mãe convenceu ela a deixar uma neonatologista examinar. Quando a médica foi levar o recém-nascido para o berçário a paciente surtou e saiu correndo nua pelo corredor", diz o obstetra.
De acordo com o médico, a mulher ficou batendo no vidro do berçário. "Uma hora o pai chegou, arrombou a porta e levou a criança. A mãe e os familiares dela se trancaram em um quarto no terceiro andar e lá ficaram. Só abriram a porta para pedir uma tesoura porque a paciente ia comer a placenta", diz Araújo. O obstetra conta que as pessoas só saíram do quarto às 3h. "Todos saíram. Ela estava com a placenta dentro do saco", explica.
Araújo conta que ficou chocado com o fato e que não pretende mais fazer partos. "Foi a gota d'água na minha história de obstetra. Vou fazer os últimos partos das minhas pacientes grávidas", encerra o médico.
Esse é o relato dela.
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“Sou um animal ferido, que volta
destroçado e ensangüentado para o seu ninho, após sobreviver a uma tentativa
quase eficaz de abate. Sou um mamífero em apuros, com sua cria no colo,
chorando pelo pouco leite que sai das tetas de sua genitora. Eu. Que assustada
me escondo de tudo e de todos, pois apesar de ter sobrevivido ao abate, sou
agora açoitada e perseguida por meus iguais, mamíferos de mesma ordem, agora
robotizados e produzidos por algum processo estranho e sintético, alheio ao
processo natural de continuação da espécie, não conhecem o amor, nem o
nascimento, nem a maternidade.
[...]
É incrível como na minha cabeça o
desenrolar dos fatos e das emoções está cada vez mais claro, nítido, e é cada
vez mais surreal a idéia de conseguir escrevê-lo.
[...]
[...]
Os flashes não me permitem dormir. O
cansaço é infinito, as dores no corpo também são. Meus músculos que aos pouco
se recuperam dos últimos dois dias sem dormir, juntamente com o cansaço
provocado pelos momentos de tortura no hospital, meus músculos doem, doem tanto
que parece que jamais vão sarar. Mas o que me dói mesmo é um canto do meu ser
que não sei onde fica, não sei o que é. Sinto apenas uma sensação de vazio na
existência. Uma espécie de “rombo” no meu existir, no meu ser, e que me anula por
completo, me derruba como nem os meus torturadores conseguiram durante aquelas
três horas e meia na sala de parto do Hospital Papi. Penso que o abate moral é
um limiar entre eu me suicidar e continuar existindo, me rastejando. Fui
abatida? Será que morri? Mataram-me e continuei viva, pelo meu filho que
precisava ouvir as batidas do meu coração e foi arrancado violentamente de mim
pelas mãos de quem desdenhava de um animal ferido cujo sangue jorrava aos
montes, preso a
uma mesa da qual não podia sair, pois estavam-lhe arrancando o resto de parto,
de vida, que havia nela, sua placenta, tracionada e arrancada brutalmente pelas
mãos do obstetra que me atendeu na urgência do hospital. Foi um verdadeiro
espetáculo para quem assistiu. Pena que não foi ficção, e alguém ali estava
sendo humilhada, moralmente assassinada, fisicamente mutilada, destroçada. Se
me mataram, fui então um cadáver vilipendiado.
[...]
Finalmente, exatamente dez dias após o
nascimento do meu filhote, estou cá, sentada de frente ao computador, decidida
a relatar o que me aconteceu. Foram dez dias de repouso e fortalecimento, mesmo
com todas as críticas, com todos os comentários atrozes e as reportagens na
mídia me deplorando. Fui chamada de louca, psicopata, disseram que deveriam
tirar meu filho de mim (e então ter-me-iam arrancado tudo que restava, e de mim
nada mais haveria além de um bolo de carne com um coração pulsante, quando
então já não haveria mais o limiar do abate moral, eu já estaria morta). Foram
dez dias também de intensificação de todo o sofrimento que me açoita, pois
agora eu tenho de lidar com inúmeros telefonemas, mensagens, pessoas
perguntando umas às outras se o absurdo da mulher que teria comido placenta,
agredido médico e corrido nua por aí tinha sido eu. Infelizmente não comi minha
placenta, ainda, pois ainda não tive coragem para encará-la, pegar nela,
senti-la, tão cheia de mim, da minha cria, e das emoções que vivenciamos
durante nove meses, e nos últimos momentos do meu bebê dentro de mim.
Infelizmente também não corri nua, precisei perder alguns minutos me vestindo
com roupas sujas e ensangüentadas, pois até panos limpos me foram negados. Pensando bem, eu estava com muito frio, a
hemorragia incontida me enfraquecia cada vez mais, acho que foi instintivo
parar para me aquecer com aquelas roupas, ainda que sujas e ensangüentadas,
aliás, sangue não faria diferença, pois depois que levaram meu filho de mim
injustificadamente e manifestamente contra minha vontade para o berçário para
lavá-lo com sabão, tirar o verniz protetivo e embrulha-lo com fraldas
descartáveis e aquecê-lo artificialmente, desdenhando de meu clamor para tê-lo
em meus braços, depois disso eu devo ter lavado com meu sangue o rol da frente
do berçário. Perdoe-me quem estiver lendo, os fatos vão
e vem, não sei se consigo seguir uma ordem cronológica muito precisa. E por fim, infelizmente não agredi o
obstetra. E sequer posso mencionar publicamente o que se passa na minha mente,
nesse sentido, por dois motivos: primeiro, eu seria processada, julgada e
condenada muito facilmente por algum tipo penal como ameaça, por exemplo. O
judiciário não tem pena de foder com quem já está fodido. Segundo, não tenho
energias para gastar com isso, preciso me concentrar no meu filhote, que
precisa de mim. Se minhas tentativas de afirmar minha autonomia e meu direito
de escolha que foram sistematicamente tolhidos e aniquilados durante todo o meu
atendimento naquele dia 02 de julho de 2014, se foram agressões, talvez eu o
tenha agredido. E ainda assim digo isso em tom de ironia. Imagino que se as
minhas tentativas de sobreviver ao massacre foram agressões, o que foi o
massacre que me ocorreu naquela sala de parto? Será que um médico famoso de Natal,
professor da universidade federal do RN, conhecedor de muitos juízes,
promotores, respaldado pelo corporativismo médico, judiciário e elitista da
região, será que ele seria sequer processado?Ou algum juiz amigo dele sentaria em cima
do processo, ou mesmo enterraria o processo no quintal de casa? O que me resta
é escrever um relato. É o substrato da violência patriarcal, machista,
corporativista e medicalocêntrica que nos encarcera nesse projeto de civilidade
que se nos impõe, roubam de nós mulheres a autonomia, a força, o parto, o
nascimento e a maternidade. Uma mulher que pari e sabe a força animal que tem
em si é uma grande ameaça a esse sistema, não é mesmo?
[...]
Cheguei ao hospital por volta das 20h30… Eu estava a mais de 36 horas em trabalho
de parto ativo, bolsa íntegra. Quando subi para o atendimento, ouvi um velho
grosseiro me gritando: “Por que não fez pré-natal??”. Eu respondi: “Primeiro,
eu fiz pré-natal, mas não trouxe nada comigo, e segundo, o senhor não precisa
falar assim comigo, viu?”. Ele respondeu que estava falando em tom normal, que
não tinha nada a ver, e saiu sorrindo. Eu havia feito todos os exames de
sangue, ultrassons, inclusive no dia 01 de julho eu havia feito uma ultra cujo
diagnóstico foi excelente, meu líquido estava bom, o bebê encaixado, saudável,
maduro. Quando meu pai chegou na sala de atendimento o obstetra foi logo
dizendo que não ia me atender, que se precisasse fazer alguma coisa ele não ia
fazer, porque estava sozinho, e assim, manifestamente e na presença de todos
que comigo estavam, me violentou pela primeira vez, negando-me
atendimento. Pedi a meu pai que fossemos embora, pois a
coisa não ia funcionar daquele jeito. Mas ele não concordou, estava muito
apreensivo, e cansado. Resolvi ficar. Não sabia que estava naquele momento
assinando minha sentença de morte. Eu tinha ouvido que eu iria pro quarto. Pensei:
tudo bem, eu vou parir no quarto, deve estar pertinho e eu só preciso de um
quarto. Mas não tinha leito no Papi, e não me encaminharam para outro hospital.
Eu deveria ficar ali mesmo, esperando. Foi então quando o doutor resolveu me
examinar. Essa violência foi um pouco mais dolorosa. Ele fez um toque, rompeu
minha membrana, gritei de dor. Sua mão saiu de dentro de mim lavada com meu
sangue e um pouco da minha integridade, que aos poucos ele terminaria de
arrancar de mim nas três horas e meia seguintes. Pedi para ficar nua, e me foi
dito que eu não poderia ficar nua, pois naquele hospital eu deveria seguir os
protocolos. Consegui ficar apenas com a bata cobrindo-me os peitos. Aceitei a
analgesia. Não sabia eu que ali estava o ápice da dominação do meu ser, pois
sem sentir as pernas eu não poderia me defender, sair andando, correndo, não
poderia mais fugir do massacre, eu me tornaria um animal indefeso. Foram chamar
o anestesista. Entre uma contração e outra, que já estavam vindo de minuto em
minuto e cada vez mais forte, gritei: “Cadê o filha da puta do anestesista?”. No
meu tempo ele já estava demorando muito, eu já estava desesperada, e aquilo era
meu grito de socorro. Então, ironizando e debochando de mim, o doutor gritou:
“Chamem aí o filha da puta do anestesista!”. A cada segundo que se passava eu
percebia mais o quanto aquilo estava fadado a não dar certo, o cara era um
estúpido, e não economizava seus deboches e suas grosserias. Quando ele chegou
fui para a sala de parto, onde estava à mesa de parto, o aparato onde eu
estaria sendo torturada pelas próximas três horas e meia. Devia ter cerca de um
metro de comprimento, por uns 70
cm de largura. Imagino que se eu fosse mais larga eu
teria me espremido entre os ferros. O anestesista me disse para sentar com os
ombros curvados, pedi então que ele aproveitasse entre uma contração e outra,
pois eu não conseguiria ficar parada naquela posição durante uma contração. Eu
pedia para ele ir logo, mas ele estava muito ocupado falando ao
celular.
Depois disso eu tive que deitar em posição
de exame ginecológico, a posição da dominação. Eu estava completamente
dominada. Perguntei se poderia ficar em outra posição, de quatro, por exemplo,
ou de lado, pois me aliviava a dor, e isso me foi de pronto rebatido com “NÃO”
por todos os lados. Eu deveria ficar quieta, segurando em dois ferrinhos que
tem do lado das pernas na cadeira de parto. Eu não podia sequer por as mãos nas
minhas pernas, aliás, minhas tentativas foram todas frustradas, eu teria
repetidamente minhas mãos encaminhadas de volta aos ferros da cadeira. Estavam
comigo meu pai e Daniel, um amigo clínico geral que havia ido conosco ao
hospital. Me diziam para fazer força, empurravam minha barriga, eu fazia força
até sentir que ia vomitar. A orientação era essa: quando você achar que não vai
agüentar e vai vomitar, pare. O anestesista pressionava meu estômago com seu
polegar, era fatal. Vomitei não sei nem quantas vezes, após cada contração,
após ter meu estômago pressionado repetidamente. Eu não tinha vomitado ainda,
antes de ir pro hospital. Vomitei deitada, quase morri engasgada com meu
próprio vômito e ninguém sequer me ajudava a me limpar. Até meu pai e Daniel
cederam às ordens autoritárias do obstetra e empurraram minha barriga. Segundo
o anestesista, todos deveriam obedecer ao obstetra, pois ele era professor de
todos. Eu sofria com a dor dos empurrões e da mão do obstetra dentro da minha
vagina. Me senti estuprada. Diziam que era assim mesmo, e que se eu não me
concentrasse ia matar meu bebê, que daquele jeito estava difícil, que eu não ia
conseguir. Ouvi isso repetidamente durante as três horas e meia em que estive
lá. Lembro que eu mantinha em mente sempre que eu não poderia apagar, então
controlava a força até um pouco antes do meu limite, com medo de ficar inconsciente
e do que poderia vir a me acontecer. Eu estava apavorada, e disposta a tudo
para parir meu filho. Eu não iria pra faca, de modo algum eu me submeteria a
uma cesárea, ainda com toda aquela oferta. Vi gente entrando e deixando bolsa pessoal
na sala de parto, com celular tocando, vi gente entrando com walk-talking
ligado. Eu reclamava que tinha muita gente e muito
barulho, e que as pessoas não estavam me ajudando. A pediatra, Lívia, disse que
aquele parto era uma loucura, que eu era louca, e que tinha que ter aquela
equipe toda lá dentro, disse que eu não era ninguém para discutir a necessidade
ou não de todas aquelas pessoas ali. Na verdade não entendo porque era tão
necessário, pois estavam todos (à exceção do obstetra que me violentava com
suas mãos carniceiras e o anestesista que insistia em empurrar minha barriga)
apenas observando, gritando comigo, conversando entre si e fazendo da minha
vagina aberta e exposta um souvenir de apreciação. Eu implorava, aos prantos, para o obstetra
tirar as mãos de dentro de mim, pois ele estava me machucando me invadindo, e
ele repetidamente se negou a me atender, disse-me que se eu tivesse procurado
um ginecologista eu não estaria ali atrapalhando a vida dele, disse-me que não
estava ali para prestar serviço algum para mim, e que minha vida pouco lhe
importava, ele só se importava com o bebê. Quando o bebê nasceu eu percebi que na
verdade nem com ele o cara estava preocupado. Ele queria, assim como toda
aquela equipe estúpida, que aquilo acabasse logo. Eu chorava, olhava pro meu
pai e pedia ajuda, dizia que estava foda pra mim, e ele então pedia ao médico
que calasse a boca, pedia a tal da Lívia que se calasse também. Eu disse que
não queria que cortassem o cordão umbilical do meu filho, e o obstetra
perguntou com base em quê eu dizia aquilo. Respondi que tudo que eu queria
estava no meu plano de parto, que estava lá, que ele deveria ver, e que eu
dizia aquilo com base na minha autonomia e no meu direito de escolha. Ele
respondeu sagazmente que não aceitava plano de parto, e que nunca tinha ouvido
falar naquelas coisas não, que lá aquilo não existia. A pediatra Lívia então
começou a gritar comigo dizendo que tinha que examinar o bebê, medir, pesar,
fazer testes, levar pro berçário, e eu disse que não deixava, ela me gritando e
chamando de louca disse que eu não tinha autoridade pra decidir nada sobre o
meu filho, eu respondi que o filho era meu e que ninguém o tiraria de mim. Tudo
isso entre uma contração e outra.
Às vezes a contração passava enquanto eu
tentava me defender de toda aquela escoriação moral. Pedi então ao meu pai para
que me ajudasse, pois eu precisava me focar no trabalho de parto, meu filho
estava prestes a nascer. Ele pediu a ela que colaborasse que não tinha pra que
discutir aquelas coisas comigo naquele momento. Ela respondeu que não se calaria
que tinha que falar e que eu tinha que ouvir mesmo. É incrível como eu me
impressiono quando lembro do horror que vivi naquela sala. Lembro que quando o
doutor fez o toque eu estava com 8
cm de dilatação, ainda não tinha começado o expulsivo.
Pouquíssimo tempo depois minha tortura começara, e desde a primeira contração o
médico dizia: na próxima ele sai, faça força que ele vai sair ô Márcio, empurra aí a barriga dela. Dizia: olhe, eu sou muito bom em fórceps,
pena que meu equipamento não está aqui. Eu reclamava que ele estava me machucando
que tava doendo, e ele dizia: se você quisesse um parto sem dor faria
uma cesárea, quer? Você não quer uma cesárea, ta vendo? Ta reclamando de que? Eu reclamava da luz, do barulho e ele
respondia: eu já fiz parto humanizado, com baixa luminosidade, poucas pessoas
na sala, mas aqui eu não tenho tempo pra isso não. Foi um horror ouvir aquilo,
até eu queria que acabasse logo, mas eu não ia pra faca, e eu não ia ter meu
corpo condicionado a uma ocitocina sintética.
Eu estava disposta a parir meu bebê, a
qualquer custo, ainda que me estivesse custando a integridade moral e física.
No finalzinho do processo a bolsa rompeu. O médico ouviu o coração do bebê,
estava 130 bpm. O líquido estava límpido. Mas eu ouvia que o bebê estava em
sofrimento. Imagino que presenciando toda aquela tortura, todo aquele
tratamento desumano e degradante, meu bebê realmente estivesse sofrendo, mas em
sofrimento fetal ele não estava. Eu sabia que estava tudo bem com ele. Eis que
então o líquido começou a se apresentar meconioso, mas de toda forma, para que
se comprovasse o sofrimento fetal ele deveria ao menos ouvir novamente o
coração do bebê, mas quando indagado sobre tal, o obstetra respondeu que não
iria mais ouvir, já tinha ouvido uma vez (antes da ruptura da bolsa). Quando o
líquido mudou de cor toda a pressão psicológica se intensificou. E então, coagida a aceitar, sob pena de “matar meu
bebê”, cedi a uma episiotomia, que segundo o médico seria só um cortezinho
pequenininho. Meu pai disse que ele cortou com a tesoura e terminou de rasgar
com a mão. Há uns dois dias tive coragem de me ver, e descobri uma episiotomia
que me rasgou até o ânus, e que me dói para sentar, para andar, dói muito na hora de ir ao
banheiro, mas a dor maior que eu sinto é na alma. Nem sei se um dia vou ter
coragem de abrir as pernas de novo.
Meu bebê então nasceu, veio para o meu
colo, todo lindo, roxinho, cheio de mecônio, respirando bem e chorando
bravamente!!!! Viva! Eu havia conseguido!!! Eu e ele havíamos conseguido! Nosso
pesadelo acabaria! Enquanto eu tentava dizer a todo mundo que ele tava bem,
tava respirando, tava chorando, e que precisava ficar comigo. Disseram o
obstetra e a pediatra que tinham de cortar o cordão senão o sangue voltaria e o
bebê perderia sangue. Meu pai então recebeu das mãos do obstetra uma tesoura e
cortou o cordão. Enquanto isso a pediatra Lívia estribuchava querendo
arrancá-lo de mim, pois precisava examiná-lo, ver o que era aquela bossa na
cabeça dele (por
certo ela não sabe nada de parto normal, de bebês que de fato nascem, em vez de
serem arrancados de suas mãos pela barriga, por certo ela não sabe que bossa é
comum e não é problema algum, por certo ela também não sabe que não precisa
aspirar o bebê, mesmo com presença de mecônio, desde que o bebê esteja
respirando bem, e mais certo ainda que ela não sabe do meu direito de decidir
sobre isso). Mas
ninguém me ouviu. Sob tal terror dessa médica inescrupulosa, meu pai me olhou e
disse: “Entregue o bebê senão eu vou embora”. Daniel, com cara de apavorado,
corroborou a fala do meu pai. Nessa hora tive medo de ficar sozinha e ser por
fim trucidada e aniquilada, e aos prantos entreguei meu bebê para que fosse
examinado na sala de parto. Pegaram ele que nem uma trouxa de panos e o aspiraram. De
nada adiantou o pacto com meu pai, pois ele ainda assim se foi. Saiu para buscar um pote para a placenta. Nessa hora olhei e vi o obstetra puxando
minha placenta, o anestesista preparando uma injeção anti-hemorrágica e uma
pessoa de bata azul cinicamente levando meu bebê para o berçário enquanto eu
gritava para ele não ir. Desde o primeiro momento eu havia confiado
a Daniel a tarefa de não deixar levá-lo, mas ele também cedeu. Essa talvez seja
a parte que mais me dói. Quando minha placenta saiu eu gritei: “A placenta é
minha!”. O médico ia jogá-la no lixo. Ele ainda ironizou querendo me apresentar
à minha placenta, mas nessa hora eu só pensava em ir buscar meu filho. Pedi
panos limpos, e me negaram. Pedi uma escada para descer da mesa. Negaram-me. O
anestesista olhou pra mim e disse: “Mas você não pode andar, não sente suas
pernas”. Bati com força na minha panturrilha, dei vários tapas, com força,
queria sentir o sangue circular, bati nas pernas dizendo que podia sim andar, e
que se não me dessem uma escada eu ia pular dali, sangrando como estava,
jorrando sangue.
Eu era um animal ferido, mutilado, ensangüentado,
que teve sua cria tomada. Eu estava transtornada. Queria sair dali e me
recolher, eu precisava me proteger, eu iria morrer sangrando ali, ninguém me
daria meu filho para que ele pudesse mamar e estancar a hemorragia. Tentaram me
impedir de sair da sala de parto, pois eu estava nua. Foi então que me deram
meus trapos sujos de sangue, vesti ali no corredor mesmo, e fiquei gritando na
frente do berçário, de portas trancadas, gritando que queria meu filho comigo.
Foi o ápice do espetáculo. Um ser abatido, lutando para ter sua cria de volta,
e uma platéia imensa e inerte assistindo, me dizendo para tomar banho, me
limpar, e então eu poderia ver meu filho, pois eu estava desequilibrada e ele
não era propriedade minha. Eu não vou nem mencionar o quanto eu queria
exterminar cada uma daquelas pessoas que se interpunham entre mim e meu filho,
mas eu estava muito fraca, perdendo muito sangue.
Foi então que meu pai, que havia saído,
voltou e me ouviu gritando, desesperada. Quando ele chegou à porta do berçário
gritou dizendo que queria o bebê, e como resposta teve apenas o desdém de
todos. Foi preciso ele ameaçar arrombar a porta para que resolvessem
sensatamente entregar meu filho (a ele). Finalmente pude ter meu filho nos
braços.
O que me foi arrancado jamais terei de
volta. Foi o dia
mais pavoroso da minha vida.
Espero um dia poder fechar os olhos para dormir em paz, sem que os ecos dessa tortura me atormentem.
Espero um dia poder fechar os olhos para dormir em paz, sem que os ecos dessa tortura me atormentem.
http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2014/07/sem-tempero-diz-obstetra-sobre-mulher-que-comeu-placenta-em-natal.html
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/07/comedora-de-placenta-ou-vitima-da-violencia-obstetrica.html
quinta-feira, outubro 02, 2014
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Oração da Serenidade
Deus,
Dai-me a serenidade para aceitar as
coisas que eu não posso mudar,
coragem para mudar as coisas
que eu possa, e sabedoria para
que eu saiba a diferença: vivendo
um dia a cada vez, aproveitando
um momento de cada vez;
aceitando as dificuldades como
um caminho para a paz; indagando,
como fez Jesus, a este mundo
pecador, não como eu teria feito;
aceitando que o Senhor tornaria
tudo correto se eu me submetesse
à sua vontade para que eu seja
razoavelmente feliz nesta vida
e extremamente feliz com o Senhor
para sempre no futuro.
Amém.
Dai-me a serenidade para aceitar as
coisas que eu não posso mudar,
coragem para mudar as coisas
que eu possa, e sabedoria para
que eu saiba a diferença: vivendo
um dia a cada vez, aproveitando
um momento de cada vez;
aceitando as dificuldades como
um caminho para a paz; indagando,
como fez Jesus, a este mundo
pecador, não como eu teria feito;
aceitando que o Senhor tornaria
tudo correto se eu me submetesse
à sua vontade para que eu seja
razoavelmente feliz nesta vida
e extremamente feliz com o Senhor
para sempre no futuro.
Amém.
Comemorando
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K.I.S.S.E.S.
Saber Viver
Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar
Cora Coralina
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar
Cora Coralina
O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina Filosófica.
Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações.
Allan Kardec
Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações.
Allan Kardec
Oração
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
Chico Xavier
“Sonhos não morrem, apenas adormecem na alma da gente.”
“Tudo é amor. Até o ódio, o qual julgas ser a antítese do amor, nada mais é senão o próprio amor que adoeceu gravemente.”
"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim"
“Tudo é amor. Até o ódio, o qual julgas ser a antítese do amor, nada mais é senão o próprio amor que adoeceu gravemente.”
"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim"
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"Boas meninas vão para o céu.
Beijo BEM DADO!
Mulher Maravilha
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Robert Pattinson Ai Meu Deus!
Addicted
FREEDOM
Yes, I do
Bruninho bonitinho...
Bruninho bonitinho,
Se vovozinho pegar
Você dormindo no
Meu sofazinho gostosinho,
Vai cortar seu pir*zinho!
Se vovozinho pegar
Você dormindo no
Meu sofazinho gostosinho,
Vai cortar seu pir*zinho!
Seja antes de tudo Humano...
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