Antonio Canova - Vida e Obra



Antonio Canova


Primeiros Anos
Antonio Canova era filho de um escultor de algum mérito, Pietro Canova, que faleceu quando o
filho tinha cerca de três anos. Um ano depois sua mãe, Angela Zardo, casou com Francesco Sartori e entregou o menino aos cuidados de seu avô paterno, Passino Canova, também escultor, e de sua tia Caterina Ceccato. Teve um meio-irmão das segundas núpcias de sua mãe, o abade Giovanni Battista Sartori, de quem se tornou amigo íntimo, e que foi seu secretário e executor testamentário. Aparentemente seu avô foi o primeiro a notar seu talento, e assim que Canova pôde segurar um lápis foi iniciado nos segredos do desenho. Sua juventude foi passada em estudos artísticos, mostrando desde cedo predileção pela escultura. Com nove anos já foi capaz de produzir dois pequenos relicários em mármore, que ainda existem, e desde então seu avô o empregou para diversos trabalhos. O avô era patrocinado pela rica família Falier de Veneza, e através dele Canova foi apresentado ao senador Giovanni Falier, que se tornou seu assíduo protetor, e cujo filho Giuseppe se tornou um dos seus mais constantes amigos. Através de Falier, Canova, com cerca de 13 anos, foi colocado sob a orientação de Giuseppe Torretto, um dos mais Orfeu e Eurídice, Museu Hermitage, Moscou.
Antonio Canova era filho de um escultor de algum mérito, Pietro Canova, que faleceu quando o

notáveis escultores do Vêneto em sua geração. Seu estudo foi
facilitado pelo acesso que teve a importantes coleções de estatuária antiga, como as mantidas pela Academia de Veneza e pelo colecionador Filippo Farsetti, que foi-lhe útil estabelecendo novos contatos com ricos patronos. Logo suas obras foram elogiadas pela precoce virtuosidade, capacitando-o a receber suas primeiras encomendas, entre elas duas cestas de frutas em mármore para o próprio Farsetti, muito admiradas. A cópia que fez em terracota dos célebres Lutadores Uffizi valeu-lhe o segundo prêmio na Academia.

Com a morte de Torretto a continuidade da instrução de Canova foi confiada a Giovanni Ferrari, sobrinho do outro, mas permaneceu com ele apenas um ano. Então, com apenas dezesseis anos, decidiu iniciar o trabalho por conta própria, e logo recebeu de Falier a encomenda para estátuas representando Orfeu e Eurídice. O conjunto, acabado entre 1776-77, resultou tão bem e atraiu tanto aplauso que seus amigos já previam para ele um futuro brilhante. Nele, e em outro grupo importante, representando Dédalo e Ícaro (1778-79), o escultor já mostrava grande maturidade. Seu estilo nessa fase, se tinha um caráter ornamental típico do Rococó, era também vigoroso, e ao mesmo tempo se distinguia da tradição naturalista da arte veneziana e evidenciava uma tendência à idealização que adquirira com seus estudos dos clássicos.
Roma
O grande progresso de Canova levou Falier a organizar sua ida para Roma, a fim de que se aperfeiçoasse. Roma nessa época era o mais importante centro de peregrinação cultural da Europa e uma meta obrigatória para qualquer artista que aspirasse à fama. Com sua pletora de monumentos antigos e grandes coleções, numa fase em que estava em pleno andamento a formação do Neoclassicismo, a cidade era toda um grande museu, e oferecia inúmeros exemplares autênticos para estudo em primeira mão da grande produção artística do passado clássico. Antes de sua partida seus amigos conseguiram-lhe uma pensão de 300 ducados anuais, que se manteria por três anos. Também obteve cartas de apresentação para o embaixador veneziano na cidade, o Cavalier Girolamo Zulian, um ilustrado patrono das artes, que o recebeu com grande hospitalidade quando o artista chegou ali em torno de 1779, e providenciou a primeira exibição pública, em sua própria casa, de um trabalho do artista, uma cópia do grupo de Dédalo e Ícaro que mandou vir de Veneza e que suscitou a admiração de quantos a viram. Segundo o relato do conde Leopoldo Cicognara, um de seus
primeiros biógrafos, apesar da aprovação unânime da obra Canova sentiu enorme embaraço naquele momento, falando muitas vezes dele anos mais tarde como um dos episódios mais tensos de sua vida. Através de Zulian Canova foi assim introduzido, com um sucesso imediato, na populosa comunidade local de intelectuais, onde brilhavam o arqueólogo Gavin Hamilton, os colecionadores sir William Hamilton e o cardeal Alessandro Albani, e o antiquário e historiador Johann Joachim Winckelmann, o principal mentor do Neoclassicismo, entre tantos outros que partilhavam de seu amor aos clássicos.
Em Roma, Canova pôde aprofundar o estudo das mais importantes relíquias da Antigüidade, completar sua educação literária, aperfeiçoar sua fluência no francês e colocar-se na competição com os melhores mestres da época. O resultado ficou além de suas próprias expectativas. Sua primeira obra produzida em Roma, patrocinada por Zulian, foi Teseu vencendo o Minotauro (Museu Vitória e Alberto, Londres 1781), que foi,recebida com grande entusiasmo, a ponto de ser declarada como o marco inaugural de uma nova era para as artes. Em
seguida esculpiu um pequeno Apolo em ato de coroar a si mesmo (1781-82), para o senador Abondio Rezzonico, uma estátua de Psiquê (1793) para Zulian, e passou a contar com o apoio de Giovanni Volpato, que abriu-lhe outras portas, entre elas a do Vaticano. Nesse período estabeleceu uma ligação tumultuada com a filha de Volpato, Domenica (imagem no início do texto).


Em Roma, Canova pôde aprofundar o estudo das mais importantes relíquias da Antigüidade, completar sua educação literária, aperfeiçoar sua fluência no francês e colocar-se na competição com os melhores mestres da época. O resultado ficou além de suas próprias expectativas. Sua primeira obra produzida em Roma, patrocinada por Zulian, foi Teseu vencendo o Minotauro (Museu Vitória e Alberto, Londres 1781), que foi,recebida com grande entusiasmo, a ponto de ser declarada como o marco inaugural de uma nova era para as artes. Em

Sua próxima encomenda, acertada por intermédio de Volpato, foi um monumento fúnebre ao papa Clemente XIV, mas para aceitá-la decidiu pedir permissão ao Senado de Veneza, em consideração à pensão que lhe haviam conseguido. Sendo concedida, fechou sua oficina em Veneza e voltou imediatamente para Roma, onde abriu um novo atelier nas imediações da Via del Babuino, onde os dois anos seguintes foram passados para a conclusão do modelo, e outros dois gastos na realização da obra, que foi finalmente
inaugurada em 1787, atraindo o elogio dos maiores críticos da cidade. Durante esse período se engajou paralelamente em projetos menores, alguns baixos-relevos em terracota e uma estátua de Psique. Mais cinco anos foram despendidos na elaboração de um cenotáfio para Clemente XIII, entregue em 1792, que levou sua fama a alturas ainda maiores.

Nos anos seguintes, até o encerramento do século, Canova se aplicou com ingente empenho em produzir um significativo conjunto de novas obras, entre elas vários grupos de Eros e Psiquê, em atitudes diferentes, que lhe valeram um convite para que se instalasse na corte russa, mas declarando sua íntima ligação com a Itália, declinou. Outras foram a Despedida de Vênus e Adônis, o grupo Hércules furioso lançando Licas ao mar, uma estátua de Hebe, e uma primeira versão da Madalena penitente. Mas o esforço foi excessivo para sua saúde, e o uso continuado de um apetrecho de escultura chamado trapano, que comprime o peito, provocou o afundamento de seu esterno. Sentindo-se
exausto após tantos anos de atividades intensas e ininterruptas, e em vista da ocupação francesa de Roma em 1798, retirou-se para Possagno, onde aplicou-se à pintura, e logo seguiu em uma excursão de recreio pela Alemanha em companhia de seu amigo o Príncipe Rezzonico. Também passou pela Áustria, onde recebeu a encomenda de um cenotáfio para a arquiduquesa Maria Cristina, filha de Francisco I, que resultou anos mais tarde em uma obra majestosa, a melhor que produziu nesse gênero. Nessa mesma ocasião foi induzido a enviar para a capital austríaca o grupo de Teseu matando o centauro, que havia sido destinado para Milão, e que foi instalado em um templo em estilo grego construído especialmente para esse fim nos jardins do Palácio de Schönbrunn.

Museus Vaticanos.
Em sua volta a Roma em 1800, revigorado, produziu em poucos meses uma das suas composições mais aclamadas, o Perseu com a cabeça da Medusa (1800-01), inspirado livremente no Apolo Belvedere e julgado digno de ombrear com ele, e que lhe valeu o título de Cavalier, concedido pelo papa. Em 1802 foi
convidado por Napoleão Bonaparte para visitar Paris e criar uma estátua sua, e segundo o testemunho de seu irmão, que o acompanhara, o escultor e o estadista mantiveram conversações em um nível de grande franqueza e familiaridade. Também encontrou o pintor Jacques-Louis David, o mais importante dos neoclássicos franceses.
Em sua volta a Roma em 1800, revigorado, produziu em poucos meses uma das suas composições mais aclamadas, o Perseu com a cabeça da Medusa (1800-01), inspirado livremente no Apolo Belvedere e julgado digno de ombrear com ele, e que lhe valeu o título de Cavalier, concedido pelo papa. Em 1802 foi

Em 10 de agosto de 1802 o papa Pio VII indicou o artista como Inspetor-Geral das Antiguidades e Belas Artes do Vaticano, posto que conservou até sua morte. Além de ser um reconhecimento de sua obra escultórica, a indicação implicava que ele também era considerado um conhecedor, com a capacidade de julgar a qualidade das obras de arte e um interesse em preservar as coleções papais. Entre as atribuições do cargo estavam a responsabilidade pela emissão de autorizações para escavações arqueológicas e a supervisão dos trabalhos de restauro, aquisição e exportação de antiguidades, além da supervisão sobre a instalação e organização de novos museus nos
estados papais. Ele inclusive comprou 80 peças antigas com seus próprios recursos e as doou para os Museus Vaticanos. Entre 1805 e 1814 foi quem decidiu sobre a vinda de todos os artistas bolsistas italianos para aperfeiçoamento na cidade de Roma. Em 1810 foi indicado para a presidência da Accademia di San Luca, a mais importante instituição artística da Itália em sua época, e permaneceu como um baluarte de estabilidade na esfera cultural romana ao longo do turbulento período da ocupação francesa, sendo confirmado em suas posições por Napoleão. Sua missão administrativa culminou com a incumbência de resgatar, em 1815, o espólio artístico arrebatado da Itália pelo imperador francês, e por seu zelo e esforço conseguiu resolver o difícil trabalho de acomodar interesses internacionais divergentes e recuperar diversos tesouros para sua pátria, entre eles obras de Rafael Sanzio, o Apolo Belvedere, a Vênus Medici e o Laocoonte.

No outono deste ano pôde realizar o sonho há muito acalentado de viajar a Londres, onde foi
recebido com grande consideração. Sua viagem tinha dois propósitos primários: agradecer a ajuda que o governo britânico lhe dera da recuperação do acervo italiano confiscado, e conhecer os Mármores de Elgin, um grande conjunto de peças removidas do Partenon de Atenas, criadas por Fídias e seus assistentes, conhecimento que para ele foi uma revelação, contribuindo para confirmar sua impressão de que a arte grega era superior pela qualidade de seu acabamento e pela sua atenção à natureza. Ele também foi solicitado a dar seu parecer de perito sobre a importância do conjunto, que estava sendo posto à venda por Lord Elgin para a Coroa, e expressou-se nos termos mais elogiosos, mas recusou-se a restaurá-las, conforme foi convidado a fazê-lo, considerando que deviam permanecer como testemunhos autênticos da grande arte grega. Voltando a Roma em 1816 com as obras devolvidas pela França, foi recebido em triunfo e recebeu do papa uma pensão de 3 mil
escudos, tendo seu nome inscrito no Livro de Ouro do Capitólio com o título de Marquês de Ischia.
Anos Finais
Então Canova começou a elaborar o projeto para uma outra estátua, monumental, representando a Religião. Não por servilismo, uma vez que era um devoto ardente, mas sua idéia de instalá-la em Roma acabou frustrado mesmo sendo financiado por ele mesmo e estando pronto o modelo em seu tamanho definitivo, que entretanto acabou sendo executado em mármore em tamanho muito reduzido por ordem Lord Brownlow e levado para Londres. Mesmo assim ele decidiu erguer um templo em sua vila natal que conteria aquela escultura conforme seu plano original e outras peças de sua autoria, e nele deveriam, no tempo, repousar suas cinzas. Em 1819 foi lançada a pedra fundamental, e em seguida, Canova retornou a Roma, mas a cada outono voltava às obras para acompanhar o seu progresso e instruir os empregados, encorajando-os com recompensas
financeiras e medalhas. Mas o empreendimento se revelou excessivamente custoso, e o artista teve de voltar ao trabalho com renovado empenho a despeito de sua idade e doenças. Desta fase são algumas de suas peças mais significativas, como o grupo de Marte e Vênus para a Coroa Inglesa, a estátua colossal de Pio VI, uma Pietà (somente o modelo), outra versão da Madalena penitente. Sua última obra acabada foi um enorme busto de seu amigo o Conde Cicognara.
O cenotáfio de Canova em Veneza.


Anos Finais
Então Canova começou a elaborar o projeto para uma outra estátua, monumental, representando a Religião. Não por servilismo, uma vez que era um devoto ardente, mas sua idéia de instalá-la em Roma acabou frustrado mesmo sendo financiado por ele mesmo e estando pronto o modelo em seu tamanho definitivo, que entretanto acabou sendo executado em mármore em tamanho muito reduzido por ordem Lord Brownlow e levado para Londres. Mesmo assim ele decidiu erguer um templo em sua vila natal que conteria aquela escultura conforme seu plano original e outras peças de sua autoria, e nele deveriam, no tempo, repousar suas cinzas. Em 1819 foi lançada a pedra fundamental, e em seguida, Canova retornou a Roma, mas a cada outono voltava às obras para acompanhar o seu progresso e instruir os empregados, encorajando-os com recompensas

O cenotáfio de Canova em Veneza.
*Cenotáfio: Hoje o monumento pode ser visitado na Basílica de Santa Maria Gloriosa dei Frari, em Veneza.
Em maio de 1822 visitou Nápoles para superintender a construção do modelo para uma estátua eqüestre do Rei Fernando IV de Nápoles, mas o trajeto cobrou caro de sua saúde. Voltando a
Roma, recuperou-se, mas em sua visita anual a Possagno já chegou lá doente, e recusando o repouso seu estado piorou. Então foi levado a Veneza, onde faleceu lúcido e serenamente. Suas últimas palavras foram "Anima bella e pura" (alma bela e pura, ao lado a máscara mortuária dele), que pronunciou várias vezes antes de expirar. Testemunhos de amigos presentes em seu transpasse dizem que seu semblante foi adquirindo uma crescente radiância e expressividade, como se estivesse absorvido em uma contemplação extática. A autópsia realizada em seguida revelou uma obstrução do intestino por uma necrose na altura do piloro. Seu funeral, realizado em 25 de outubro de 1822, foi cercado das mais altas honras, entre a comoção de toda a cidade, e os acadêmicos disputaram para carregar seu caixão. Seu corpo foi em seguida sepultado em Possagno e seu coração foi depositado em uma urna de pórfiro mantida na Academia de Veneza. Sua morte gerou luto em toda a Itália, e as homenagens fúnebres ordenadas pelo papa em Roma foram assistidas por representantes de várias casas reais da Europa. No ano seguinte começou a ser erguido um cenotáfio para ele, a partir de um modelo que havia sido criado pelo próprio Canova em 1792 por encomenda de Zulian, originalmente para celebrar o pintor Ticiano, mas que não havia sido realizado. No ano seguinte a sua morte, começou a ser erguido um *cenotáfio para ele, a partir de um modelo que
havia sido criado pelo próprio Canova em 1792 por encomenda de Zulian, originalmente para celebrar o pintor Ticiano, mas que não havia sido realizado. Do lado esquerdo do corredor sul da Basilica em estilo gótico italiano, em frente ao túmulo de Ticiano, está o seu túmulo. É um monumento em mármore em forma piramidal apresentando um cortejo de figuras anônimas em vários estágios da vida que não são nem retratos nem personificações alegóricas diferem radicalmente dos modelos fúnebres que então estavam em voga. Defronte a pirâmide, sentado sobre os degraus, um anjo alado seminu, segurando em uma das mãos, uma tocha invertida e apagada, simbolizando o fogo da vida extinto, Ao seu lado um grande leão alado adormecido que aguarda a ressurreição. A direita do portal, mulheres chorosas indicando diretamente o luto e o grande estado de dor. São figuras com várias idades significando a universalidade da morte e a efemeridade da existência, além de uma porta que conduz a um espaço escuro indicando o mistério do além. Encimando o portal, o nome do artista gravado, acompanhado de um medalhão com a sua figura em relevo, envolvida por dois anjos.


Os monumentos fúnebres criados por Canova são considerados criações altamente inovadoras por abandonarem as tradições funerárias excessivamente dramáticas do Barroco e por se alinharem aos ideais de equilíbrio, moderação, elegância e repouso defendidos pelos teóricos do Neoclassicismo. Neles também está presente uma concepção original que colocava representações idealistas e sóbrias da figura humana num contexto de ousadas idéias arquiteturais.
Hábitos privados
Segundo a Memória Biográfica sobre o artista deixada pelo seu amigo íntimo o Conde Cicognara, Canova manteve ao longo de toda sua vida hábitos frugais e uma rotina regular. Acordava cedo e imedi
atamente começava a trabalhar. Após o almoço costumava retirar-se para um breve repouso. Teve uma doença crônica de estômago que permanece não identificada, que causava dores severas em ataques que se sucederam ao longo de toda sua vida. Parece ter nutrido uma fé religiosa profunda e sincera. Não manteve uma vida social especialmente brilhante, embora fosse constantemente solicitado para frequentar os círculos de personalidades ilustres que o admiravam, mas era comum que recebesse amigos em sua própria casa após sua jornada de trabalho, à noite, quando se revelava um anfitrião de modos finos, inteligente, afável e caloroso. Segundo suas próprias palavras, suas esculturas eram a única prova de sua existência civil. Parece que em duas ocasiões esteve perto de contrair matrimônio, mas permaneceu solteiro por toda a vida. Seu grupo de amigos, porém, era grande e a eles dedicava um afeto intenso e elevado. Não manteve discípulos regulares, mas se notava talento superior em algum artista iniciante não poupava bons conselhos e encorajamento. Muitas vezes apoiou financeiramente jovens promissores e buscou-lhes encomendas. Mesmo sempre às voltas com muito trabalho, não hesitava em abandonar seu atelier assim que fosse chamado por outro artista para dar sua opinião sobre assuntos de arte ou oferecer conselhos técnicos.
Segundo a Memória Biográfica sobre o artista deixada pelo seu amigo íntimo o Conde Cicognara, Canova manteve ao longo de toda sua vida hábitos frugais e uma rotina regular. Acordava cedo e imedi

Alimentou um perene entusiasmo pelo estudo da arte antiga e pela arqueologia. Gostava da literatura clássica e fazia frequentes leituras, mas de hábito alguém lia para ele enquanto trabalhava. Considerava a leitura de bons autores um recurso indispensável para aperfeiçoamento pessoal e de sua arte. Não foi um escritor, mas manteve profusa correspondência com amigos e intelectuais, onde se evidencia um estilo de escrita claro, simples e vívido, que foi-se refinando ao longo dos anos sem perder sua força e espontaneidade. Uma de
suas cartas de 1812 atesta que chegou a pensar em publicar algo sobre sua arte em seus princípios gerais, mas não o concretizou. Contudo, em segredo muitas de suas observações e idéias foram registradas por seu círculo de associados e tornadas públicas mais tarde. Parecia ser imune à inveja, à crítica e à bajulação, e nunca se afligiu com o sucesso alheio; ao contrário, não economizava elogios quando percebia grandeza na obra de seus colegas de ofício, e manifestava gratidão por conselhos ou reparos que julgava justos e apropriados. Quando uma crítica contundente apareceu publicada em um jornal de Nápoles, dissuadiu seus amigos que queriam prover uma réplica, dizendo que seu trabalho se encarregaria de dar a resposta adequada. As relações de Canova com a política de seu tempo são exemplificadas nas obras que criou para a Casa da Áustria e a Casa de Bonaparte, onde os desejos de legitimação e glorificação dos governantes entraram em conflito com a postura politicamente neutra que o escultor desejava manter. Teve obras recusadas ou severamente criticadas por ambas por não se enquadrarem naqueles desejos, como o grupo de Hércules furioso que lança Licas ao mar (1795), rejeitado pelo imperador austríaco, e o mesmo acontecendo com o retrato alegórico que fez para Napoleão como Marte pacificador. Sua opinião a respeito de Napoleão
tem sido descrita como ambígua, sendo ao mesmo tempo um admirador, aceitando da sua família várias encomendas, e um crítico, especialmente pela sua invasão da Itália e o confisco de um grande acervo de obras de arte italianas.
Hércules e Licas, Galeria Nacional de Arte Moderna e Contemporânea, Roma.
Apreciava o sucesso de suas obras e era vivamente grato por isso, mas nunca evidenciou que um desejo de glória pessoal fosse seu objetivo primário, apesar de ter sido um dos artistas de seu tempo mais expostos aos perigos da celebridade, pois recebeu diversas condecorações e a proteção de muitos nobres importantes, foi ele mesmo nobilitado em vários Estados da Europa, incumbido de altos cargos públicos e incluído como membro em muitas academias de arte mesmo sem jamais tê-lo solicitado. Gastou boa parte da fortuna que veio a acumular em obras de caridade, no fomento de associações de classe e no apoio aos jovens artistas. Em várias ocasiões adquiriu com recursos próprios obras de arte para museus públicos e coleções de livros para bibliotecas, não raro fazendo suas doações anonimamente. Também em vários momentos precisou ser alertado para não dissipar seus rendimentos com os problemas alheios.
Seu permanente fascínio pela antiguidade clássica fez com que ele acumulasse uma significativa coleção de peças arqueológicas de mármore e terracota. Sua coleção de placas de terracota da
Campania era especialmente interessante, embora nunca citada nas suas primeiras biografias. As peças eram em sua maioria fragmentárias, mas muitas estavam íntegras e eram de alta qualidade, e as tipologias que ele preferiu reunir evidenciam que ele estava à frente das tendências museológicas e colecionistas de seu tempo. O seu interesse pelo material estava ligado ao uso da argila para criar os modelos de suas obras em mármore, e ele a preferia antes do que o gesso por ser mais fácil de trabalhar, e a empregava também para a elaboração dos relevos que ele chamava "de recreação privada", onde representava cenas que encontrava em suas leituras de Homero, Virgílio e Platão.


Hércules e Licas, Galeria Nacional de Arte Moderna e Contemporânea, Roma.
Apreciava o sucesso de suas obras e era vivamente grato por isso, mas nunca evidenciou que um desejo de glória pessoal fosse seu objetivo primário, apesar de ter sido um dos artistas de seu tempo mais expostos aos perigos da celebridade, pois recebeu diversas condecorações e a proteção de muitos nobres importantes, foi ele mesmo nobilitado em vários Estados da Europa, incumbido de altos cargos públicos e incluído como membro em muitas academias de arte mesmo sem jamais tê-lo solicitado. Gastou boa parte da fortuna que veio a acumular em obras de caridade, no fomento de associações de classe e no apoio aos jovens artistas. Em várias ocasiões adquiriu com recursos próprios obras de arte para museus públicos e coleções de livros para bibliotecas, não raro fazendo suas doações anonimamente. Também em vários momentos precisou ser alertado para não dissipar seus rendimentos com os problemas alheios.
Seu permanente fascínio pela antiguidade clássica fez com que ele acumulasse uma significativa coleção de peças arqueológicas de mármore e terracota. Sua coleção de placas de terracota da

Obra
A produção completa de Canova é extensa e não pode ser abordada em detalhe aqui. De escultura de grande porte deixou mais de 50 bustos, 40 estátuas e mais de uma dúzia de grupos, sem falar nos monumentos fúnebres e nos inúmeros modelos em argila e gesso para obras definitivas que ainda sobrevivem, alguns dos quais nunca transferidos para o mármore, sendo assim peças únicas, e nas obras menores como as placas e medalhões em relevo, as pinturas e os desenhos, mas cabe uma breve descrição das origens de seu estilo pessoal, de suas idéias estéticas e de algumas de suas esculturas mais célebres.
O pano de fundo da cultura neoclássica
O Neoclassicismo foi uma corrente filosófica e estética de larga difusão que se desenvolveu entre meados do século XVIII e meados do século XIX na Europa e nas Américas. Reagindo contra a frivolidade e decorativismo do Rococó, a corrente neoclássica inspirou-se na tradição do Classicismo greco-romano, adotando princípios de ordem, clareza, austeridade, racionalidade e equilíbrio, com um propósito moralizante. Esta mudança floresceu amparada em duas vertentes principais: por um lado os ideais do Iluminismo, que tinham base no racionalismo, combatiam as superstições e dogmas religiosos, e buscavam o aperfeiçoamento pessoal e o progresso social através de meios éticos, e por outro, um crescente interesse científico pela Antigüidade clássica que surgiu entre a comunidade acadêmica ao longo do século XVIII, estimulando escavações arqueológicas, a formação de importantes coleções públicas e privadas e a publicação de estudos eruditos sobre a arte e cultura antigas. A publicação de vários relatos detalhados e ilustrados de expedições por vários arqueólogos, e especialmente o tratado de Bernard de Montfaucon, L'Antiquité expliquée et representée en figures (10 volumes, Paris, 1719-24), fartamente ilustrado e com textos paralelos em línguas modernas e não apenas no latim como era o costume acadêmico, e o do Conde de Caylus, Recueil d'antiquités (7 volumes, Paris, 1752-67), o primeiro a

Apesar de a arte clássica ser apreciada desde o Renascimento, o era de forma relativamente circunstancial e empírica, mas agora o apreço se construía sobre bases mais científicas, sistemáticas e racionais. Com essas descobertas e estudos começou a ser possível formar pela primeira vez uma cronologia da cultura e da arte dos gregos e romanos, distinguindo o que era próprio de uns e de outros, e fazendo nascer um interesse pela tradição puramente grega que havia, na época, sido ofuscada pela herança romana, ainda mais porque na época a Grécia estava sob domínio turco e por isso, na prática, era inacessível para os estudiosos e os turistas do Ocidente cristão. Johann Joachim Winckelmann, o principal teórico do Neoclassicismo, com grande ascendência especialmente entre os intelectuais italianos e alemães, incluindo Goethe, e que fazia parte do círculo de Canova, enalteceu ainda mais a escultura grega, e vendo nela uma "nobre simplicidade e tranqüila grandeza", apelou a todos os artistas para que a imitassem, restaurando uma arte idealista que fosse despida de toda transitoriedade, aproximando-se do caráter do arquétipo. Seus escritos tiveram grande repercussão, fortalecendo a tendência de se usar a história, literatura e mitologia antigas como fonte principal de inspiração para os artistas. Ao mesmo tempo estavam sendo reavaliadas outras culturas e estilos antigos como o gótico e as tradições folclóricas européias do norte, fazendo com que os princípios neoclássicos em boa parte fossem compartilhados com o Romantismo, num cruzamento de influências mutuamente fertilizantes. O movimento teve também conotações políticas, já que a origem da inspiração neoclássica era a cultura grega e sua democracia, e a romana com sua república, com os valores associados de honra, dever, heroísmo e patriotismo. Entretanto, desde logo o Neoclassicismo se tornou também um estilo cortesão, e em virtude de suas associações com o glorioso passado clássico, foi usado pelos monarcas e príncipes como veículo de propaganda para suas personalidades e feitos, ou para prover de belezas seus palácios num simples decorativismo, desvirtuando em parte seus propósitos moralizantes. O Neoclassicismo foi adotado também, logicamente, pelas academias oficiais de formação de artistas, consolidando o sistema acadêmico de ensino, ou Academismo, um conjunto de preceitos técnicos e educativos que se apoiavam nos princípios éticos e estéticos da Antigüidade clássica e que logo se tornou a denominação para o estilo da sua produção, confundindo-se em larga medida com o puro Neoclassicismo.
Surgindo nesse ambiente, e ilustrando com perfeição aqueles princípios, a arte de Canova pode ser considerada, no entender de Armando Balduino, a própria súmula da grecomania neoclássica, interpretada de acordo com a visão de Winckelmann, afortunadamente evitando os desvirtuamentos puramente decorativistas, imitativos, mecanicamente acadêmicos ou propagandísticos de que padeceram outros artistas neoclássicos. Mas Canova desenvolveu lentamente seu entendimento da arte antiga, onde foi auxiliado pelos eruditos Gavin Hamilton e Quatremère de Quincy, que contribuíram para que ele deixasse a prática da cópia para elaborar a sua interpretação original dos clássicos, embora desde cedo ele tivesse mostrado uma inclinação definida para evitar a mera reprodução dos modelos consagrados, e ainda que venerasse profundamente os mestres antigos como Fídias e Policleto. Para ele o estudo direto da natureza era fundamental e a originalidade era importante porque era o único meio de criar a verdadeira "beleza natural" que ele encontrava por exemplo na escultura do Classicismo grego, cujo cânone se tornou sua referência mais poderosa. Ao mesmo tempo seu amplo conhecimento da iconografia clássica possibilitava que ele retirasse dela os elementos necessários para a criação de uma peça que remetia à Antiguidade mas era revestida de novos significados.
A sensualidade contida e sublimada e o charme de suas figuras femininas foram sempre motivo de admiração, e chegou a ser chamado de o escultor de Vênus e das Graças, o que é justo apenas em parte, diante da força e virilidade da sua produção heróica e monumental. Segundo a visão de Giulio Argan, para Canova "a forma não é a representação física (isto é, a projeção ou o 'duplo') da coisa, mas é a própria coisa sublimada, transposta do plano da experiência sensorial para o do pensamento. Por isso pode-se dizer que Canova realizou na arte a mesma passagem do sensualismo ao idealismo que Kant realizou na filosofia, ou na literatura, Goethe, e na música, Beethoven".
A sensualidade contida e sublimada e o charme de suas figuras femininas foram sempre motivo de admiração, e chegou a ser chamado de o escultor de Vênus e das Graças, o que é justo apenas em parte, diante da força e virilidade da sua produção heróica e monumental. Segundo a visão de Giulio Argan, para Canova "a forma não é a representação física (isto é, a projeção ou o 'duplo') da coisa, mas é a própria coisa sublimada, transposta do plano da experiência sensorial para o do pensamento. Por isso pode-se dizer que Canova realizou na arte a mesma passagem do sensualismo ao idealismo que Kant realizou na filosofia, ou na literatura, Goethe, e na música, Beethoven".
Mesmo que parte da crítica moderna veja a obra canoviana como idealista e racional, e os teóricos do Neoclassicismo enfatizassem reiteradas vezes esse aspecto, os relatos de época atestam que isso nem sempre foi verdade, pois um ardor passional tipicamente romântico também parece ter sido um elemento constituinte de sua escola, como o identificou mais tarde Stendhal. Canova disse certa vez que "nossos grandes artistas (do passado) eram maravilhosos na parte do afeto; com o passar dos anos se adquiriu uma ênfase no lado da razão, mas com isso já não entendiam o coração". Suas esculturas não raro foram objeto de um desejo

Fica claro a partir dos relatos de seus contemporâneos que Canova era um trabalhador incansável, e salvo breves intervalos passava todo o período iluminado do dia envolvido com suas obras. Em sua juventude manteve por longos anos o hábito de não se deitar sem antes ter delineado pelo menos um novo projeto, mesmo quando por vezes suas obrigações sociais e outros afazeres consumiam muito de seu tempo, e essa diligência constante explica como pôde deixar obra tão prolífica.
Para suas composições Canova primeiro lançava sua idéia sobre o papel, e depois criava pessoalmente um protótipo experimental em argila ou cera, de pequenas dimensões, a partir do qual podia corrigir a idéia primitiva. Depois fazia um modelo em gesso, ou preferencialmente em argila, no tamanho exato que a obra definitiva deveria ter, e com o mesmo grau de exatidão no que diz respeito aos detalhes. Para transferí-la para o mármore contava com o auxílio de um grupo de assistentes, que desbastavam o bloco de pedra aproximando-o das formas definitivas através de um sistema de

O acabamento pessoal das esculturas em seu polimento fino e em seus detalhes mais diminutos, "até a unha", como dizia, uma prática absolutamente incomum em sua época, quando na maior parte das vezes os escultores faziam apenas o modelo e deixavam toda a execução na pedra para seus assistentes, era parte integral do efeito que Canova procurava obter, o que foi explicitado pelo autor mais de uma vez e reconhecido por todos os seus admiradores. Para Cicognara esse acabamento era um dos principais atestados da superioridade do artista em relação aos seus contemporâneos, e seu secretário Melchior Missirini escreveu dizendo que sua maior qualidade era a capacidade "de amolecer a matéria, de dar-lhe maciez, doçura e transparência e finalmente aquela clareza que engana o gelado do mármore e sua seriedade sem qualquer perda para a real solidez da estátua". Em outra parte o mesmo cronista disse:
"Uma vez que, terminada uma obra ele continuava no entanto a acariciá-la, perguntei por que não a deixava e ele respondeu: 'Não há nada mais precioso para mim do que o tempo e todos sabem como o economizo; não obstante, quando estou terminando um trabalho e quando ele já foi terminado, gostaria de retomá-lo sempre, também depois, se me fosse possível, pois a fama não está nas muitas coisas, mas nas poucas bem feitas; procuro encontrar na minha matéria um não-sei-quê de espiritual que lhe sirva de alma, a pura imitação da forma torna-se para mim morta; é necessário que eu a ajude com o intelecto e torne nobres essas formas com a inspiração, pois gostaria simplesmente que tivessem uma aparência de vida' ".
"Uma vez que, terminada uma obra ele continuava no entanto a acariciá-la, perguntei por que não a deixava e ele respondeu: 'Não há nada mais precioso para mim do que o tempo e todos sabem como o economizo; não obstante, quando estou terminando um trabalho e quando ele já foi terminado, gostaria de retomá-lo sempre, também depois, se me fosse possível, pois a fama não está nas muitas coisas, mas nas poucas bem feitas; procuro encontrar na minha matéria um não-sei-quê de espiritual que lhe sirva de alma, a pura imitação da forma torna-se para mim morta; é necessário que eu a ajude com o intelecto e torne nobres essas formas com a inspiração, pois gostaria simplesmente que tivessem uma aparência de vida' ".
No época em que Canova viveu foi descoberto que os gregos costumavam invariavelmente colorir suas estátuas, e ele fez algumas experiências nesse sentido, mas a reação negativa do seu público impediu que prosseguisse, pois a brancura do mármore estava fortemente associada com a pureza idealista apreciada pelos neoclássicos. Alguns de seus patronos fizeram inclusive recomendações expressas para que ele não interferisse na cor do material. Ele também costumava, após o polimento final, banhar as estátuas com acqua di rota, a água onde eram lavados os instrumentos de trabalho.
Grupos temáticos

Figuras femininas

"Então eu visitei, e revisitei, e me apaixonei, e beijei - mas que ninguém o saiba! - e por uma vez acariciei, esta

A Venus itálica fez um sucesso imediato, e continuou a ser apreciada mesmo quando a Venus Méedici retornou à Itália; na verdade se tornou tão popular que Canova esculpiu pessoalmente duas outras versões e cópias em ponto menor foram feitas às centenas para os turistas que visitavam Roma, e é uma das estátuas mais reproduzidas de todos os tempos.
Também é digna de nota a Madalena penitente (1794-96), existente em duas versões principais e muitas outras cópias, que foi aclamada enfaticamente por Quatremère de Quincy por ser uma representação tocante do arrependimento cristão, mas não deixou de suscitar certa controvérsia no Salão de Paris, onde foi apresentada em 1808 junto com outras obras de Canova. George Sand escreveu ironicamente, anos mais tarde, se perguntando se o remorso advinha

Madalena penitente, com a cruz sobre as mãos.
Heróis
A tipologia do herói nu estava estabelecida desde a Antiguidade clássica, quando as competições atléticas nos festivais religiosos celebraram o corpo humano, especialmente o masculino, de uma forma sem paralelos em outras culturas. Os atletas competiam nus, e os gregos consideravam-nos encarnações de tudo o que havia de melhor na humanidade, sendo uma consequência natural desse ideário associar o nu com a glória, o triunfo e também com a excelência moral, princípios que se cristalizaram na estatuária daquele tempo. O nu se tornou, então, o veículo privilegiado para

Quando o Cristianismo se tornou a força cultural dominante no ocidente, o nu passou a ser um

A primeira grande obra heróica de Canova foi o grupo de Teseu vencendo o minotauro (c. 1781), esculpido por encomenda de Girolamo Zulian.

O grupo de Hércules furioso lançando Licas ao mar (1795-1815) foi criado sob encomenda de Don Onorato Gaetani, membro da nobreza napolitana, mas a queda dos Bourbons obrigou o patrono ao exílio e ao rompimento do contrato, quando o modelo já estava pronto. Por três anos o autor buscou um novo patrono para compra da versão em mármore, até que em 1799 ele foi contatado pelo conde Tiberio Roberti, um funcionário do governo austríaco em Verona, a fim de que ele esculpisse um monumento celebratório da vitória imperial sobre os franceses em Magnano. Sobrecarregado pelas suas encomendas, Canova tentou oferecer no lugar o Hércules e Licas, mas a composição foi rejeitada. A posição de Canova era (Orpheu e Eurídice) delicada. Nascido no Vêneto, que era uma possessão austríaca, o escultor era um súdito do império Habsburgo, que também pagava a sua pensão naquela época e havia encomendado já outra composição, um cenotáfio. Além disso a figura de Hércules era tradicionalmente associada com a França, e embora a obra fosse reconhecida pela sua qualidade intrínseca, sua ambiguidade temática a tornava inadequada para um monumento austríaco.

A derradeira grande composição heróica de Canova foi o grupo de Teseu vencendo o centauro (1805-1819), uma de suas imagens mais violentas. Fora encomendada por Napoleão com o objetivo de instalá-la em Milão, mas foi adquirida pelo imperador austríaco e levada para Viena. Um viajante inglês em visita ao seu atelier disse que ao ver essa composição, mesmo ainda incompleta, encontrou o que responder para aqueles que tinham Canova apenas como um mestre do gracioso e do suave. O grupo é composto a partir de uma forma piramidal, dominada pela forte diagonal do corpo do herói prestes a abater o centauro com uma clava, enquanto o subjuga agarrando-o pela garganta e pressionando o joelho contra seu peito, dando forte impulso com a perna direita. O detalhamento anatômico do corpo do centauro é especialmente rico. Também são notáveis as estátuas que fez representando Palamedes, Páris, Heitor e Ájax.
Museus Vaticanos
Detalhe de Teseu vencendo o centauro. Kunsthistorisches Museum, Viena
Páris. Museu Hermitage, Moscou
Detalhe de Teseu vencendo o centauro. Kunsthistorisches Museum, Viena
Páris. Museu Hermitage, Moscou
A figura de Psiquê foi abordada várias vezes por Canova, seja isoladamente, seja em conjunto com seu companheiro mitológico Eros. Entre as mais celebrizadas está o grupo de Eros e Psiquê (1793) hoje no Museu do Louvre (uma segunda versão no Hermitage), que se afasta bastante dos modelos clássicos e

Palamedes. Villa Carlotta, Tremezzo
Retratos alegóricos
Parte de suas encomendas oficiais era a criação de estátuas que sintetizavam as características do retrato com a alegoria, o que era muito comum para a celebração de grandes figuras públicas, associando-as à aura mítica do imaginário antigo. Não obstante seu sucesso frequente, algumas delas foram criticadas. Como exemplo está o retrato de Napoleão Bonaparte como Marte pacificador (mármore, 1802-1806, outra versão em bronze de 1807), que não obstante fazer uso óbvio das tipologias clássicas, no caso o Doríforo de Policleto, foi inovador o bastante para não ser bem
recebido nem pelo encomendante nem pela crítica do seu tempo, por representá-lo nu, o que se era aceitável em personificações mitológicas, não o era para a representação de personalidades públicas vivas. Canova devia estar obviamente cônscio dessas convenções, e se torna surpreendente que tenha escolhido essa forma específica para sua obra. Napoleão havia lhe dado completa liberdade de trabalho, mas isso não parece justificar o caso. O mais provável é que as idéias de Quatremère de Quincy, expressas na correspondência trocada com artista, o tenham induzido a fazer essa opção tão polêmica, onde o francês enfatizava a necessidade de representá-lo à maneira grega, rejeitando uma forma romanizada com uma toga ou uma imagem do modelo em roupas modernas. Mesmo com o fracasso da encomenda, a estátua foi exposta no Museu do Louvre até 1816, quando foi capturada pelos ingleses e oferecida como presente ao primeiro Duque de Wellington, em cuja mansão se encontra até hoje.




Quanto aos retratos convencionais, é suficiente dizer que Canova mostrou uma grande habilidade em captar as expressões fisionômicas do modelo, mas moderando-as dentro de uma abordagem formalista que remetia à importante retratística da Roma Antiga. Recebeu inúmeras encomendas para retratos, muitas mais do que foi capaz de atender, e

Obras fúnebres
Os monumentos fúnebres de Canova são considerados criações altamente inovadoras por abandonarem as tradições funerárias excessivamente dramáticas do Barroco e por se alinharem aos ideais de equilíbrio, moderação, elegância e repouso defendidos pelos teóricos do Neoclassicismo. Neles também está presente uma concepção original que colocava representações idealistas e sóbrias da figura humana num contexto de ousadas idéias arquiteturais. Entre as composições mais significativas nesse gênero estão os cenotáfios papais e o que havia criado para Ticiano e acabou sendo construído post-mortem e servido para si mesmo, todos já mencionados antes, mas o mais bem conseguido na opinião da crítica moderna é o Cenotáfio da Arquiduquesa Maria Cristina da Áustria (1798-1805), que causou grande estranhamento quando foi entregue aos seus patronos, a Casa Imperial austríaca.
Detalhe do Cenotáfio da Arquiduquesa Maria Cristina. Igreja dos Agostinhos, Viena. Tomb of the Archduchess Maria Christine, favourite daughter of Empress Maria Theresa of Austria
Os monumentos fúnebres de Canova são considerados criações altamente inovadoras por abandonarem as tradições funerárias excessivamente dramáticas do Barroco e por se alinharem aos ideais de equilíbrio, moderação, elegância e repouso defendidos pelos teóricos do Neoclassicismo. Neles também está presente uma concepção original que colocava representações idealistas e sóbrias da figura humana num contexto de ousadas idéias arquiteturais. Entre as composições mais significativas nesse gênero estão os cenotáfios papais e o que havia criado para Ticiano e acabou sendo construído post-mortem e servido para si mesmo, todos já mencionados antes, mas o mais bem conseguido na opinião da crítica moderna é o Cenotáfio da Arquiduquesa Maria Cristina da Áustria (1798-1805), que causou grande estranhamento quando foi entregue aos seus patronos, a Casa Imperial austríaca.
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Sua forma piramidal e a presença de um cortejo de figuras anônimas em vários estágios da vida que não são nem retratos nem personificações alegóricas diferem radicalmente dos modelos fúnebres que então estavam em voga na época. A imagem da falecida sequer está entre elas, e figura apenas em um medalhão acima da entrada. Para um membro da casa reinante que fora reconhecida pela sua obra caritativa e piedade pessoal, a composição é inusitadamente reticente acerca da sua personalidade. Christopher Johns a lê como uma

Esses monumentos estabeleceram várias convenções significantes seguidas largamente por seus

Pintura e arquitetura


Legado e fortuna crítica


Psiquê revivida pelo beijo de Eros, versão do Louvre.
Canova foi muito imitado na Itália, atraiu inúmeros admiradores de várias partes da Europa e da América do Norte, entre eles Joseph Chinard, Antoine-Denis Chaudet, John Flaxman, John Gibson, Bertel Thorvaldsen e sir Richard Westmacott, foi avidamente colecionado na Inglaterra e seu estilo frutificou numa escola fiel na França, onde foi favorecido pela simpatia que Napoleão lhe dirigia, encomendando, ele e seus familiares, diversas obras. Se tornou ainda uma referência para todos os artistas acadêmicos do século XIX. Durante sua vida Canova sempre procurou estar distante da política, mas como já foi visto, em várias ocasiões seu talento foi cooptado pelos poderosos. De qualquer forma até mesmo nesses casos suas obras manifestam

A crítica contemporânea continua vendo Canova como o maior representante da corrente neoclássica de escultura, e reconhece seu grande papel na fixação de um novo cânone que ao se referir à tradição da Antiguidade não ficou servilmente atado a ela, mas adaptou-a para atender às necessidades de seu próprio tempo, fazendo uma escola de enorme difusão e influência. Também se reconhece o mérito de sua vida pessoal exemplar e de seu integral devotamento à arte.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
*Cenotáfio (do latim tardio cenotaphium, do grego κενοτάϕιον, composto de κενός "vazio" e ταϕός "tumba") é um memorial fúnebre erguido para homenagear alguma pessoa ou grupo de pessoas cujos restos mortais estão em outro local ou estão em local desconhecido. Há diversos cenotáfios pelo mundo. Em Portugal no Panteão nacional são evocadas através de cenotáfios várias personalidades. No Brasil um exemplo de cenotáfio é aquele dedicado aos Inconfidentes no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, Minas Gerais.

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"Para obter algo que você nunca teve, precisa fazer algo que nunca fez".
"Quando Deus tira algo de você, Ele não está punindo-o, mas apenas abrindo suas mãos para receber algo melhor".
"A Vontade de Deus nunca irá levá-lo aonde a Graça de Deus não possa protegê-lo".
"Quando Deus tira algo de você, Ele não está punindo-o, mas apenas abrindo suas mãos para receber algo melhor".
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"Aquilo que falam de mim, não me diz respeito"
Oração da Serenidade
Deus,
Dai-me a serenidade para aceitar as
coisas que eu não posso mudar,
coragem para mudar as coisas
que eu possa, e sabedoria para
que eu saiba a diferença: vivendo
um dia a cada vez, aproveitando
um momento de cada vez;
aceitando as dificuldades como
um caminho para a paz; indagando,
como fez Jesus, a este mundo
pecador, não como eu teria feito;
aceitando que o Senhor tornaria
tudo correto se eu me submetesse
à sua vontade para que eu seja
razoavelmente feliz nesta vida
e extremamente feliz com o Senhor
para sempre no futuro.
Amém.
Dai-me a serenidade para aceitar as
coisas que eu não posso mudar,
coragem para mudar as coisas
que eu possa, e sabedoria para
que eu saiba a diferença: vivendo
um dia a cada vez, aproveitando
um momento de cada vez;
aceitando as dificuldades como
um caminho para a paz; indagando,
como fez Jesus, a este mundo
pecador, não como eu teria feito;
aceitando que o Senhor tornaria
tudo correto se eu me submetesse
à sua vontade para que eu seja
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Saber Viver
Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar
Cora Coralina
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar
Cora Coralina
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O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina Filosófica.
Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações.
Allan Kardec
Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações.
Allan Kardec


Oração
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
Chico Xavier
“Sonhos não morrem, apenas adormecem na alma da gente.”
“Tudo é amor. Até o ódio, o qual julgas ser a antítese do amor, nada mais é senão o próprio amor que adoeceu gravemente.”
"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim"
“Tudo é amor. Até o ódio, o qual julgas ser a antítese do amor, nada mais é senão o próprio amor que adoeceu gravemente.”
"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim"

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"Boas meninas vão para o céu.

As más vão para qualquer lugar" H.G.Brown
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Bruninho bonitinho,
Se vovozinho pegar
Você dormindo no
Meu sofazinho gostosinho,
Vai cortar seu pir*zinho!
Se vovozinho pegar
Você dormindo no
Meu sofazinho gostosinho,
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Com seu próximo!
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