Lewis Caroll

Se me pedissem para definir Lewis Carroll numa só frase diria: - Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido como Lewis Carroll, nasceu em Inglaterra em 1832, foi matemático, lógico, fotógrafo e romancista sendo reconhecido como tal após o seu sucesso com "Alice no País das Maravilhas", faleceu em 1898.

Mas, uma frase é muito pouco para falar sobre Lewis Carroll e todo o trabalho que desenvolveu ao longo dos seus 66 anos de vida.
***
Charles L. Dodgson nasceu em Daresbury, no dia 27 de Janeiro de 1832.
O pai - Reverendo Charles Dodgson - era pastor protestante e deu ao filho uma educação religiosa, preparando-o para uma carreira também religiosa. No entanto, Charles Dodgson ingressou na Universidade de Oxford e, em 1855, foi convidado para aí permanecer como professor de Matemática. Leccionou em Oxford até 1881.
Apesar dos seus primeiros livros abordarem temas de Geometria e Álgebra, foi como lógico que Dodgson se destacou. O seu interesse pela lógica matemática e pelos jogos capazes de testar a razão, levou-o a publicar diversos livros sobre lógica entre os quais se destacam The Game of Logic (1887) e Symbolic Logic (1896).

Enquanto professor em Oxford, conheceu aquele que viria a ser o seu grande amigo, Henry Liddell, pai de 3 meninas - Alice, Lorina e Edite - a primeira das quais viria a ser a fonte de inspiração para o seu primeiro grande romance publicado em 1865: Alice in Wonderland.
Como surgiu a Alice?

Charles Dodgson, ou melhor, Lewis Carroll já que estamos a falar da sua faceta de romancista, era um homem tímido, introvertido e conservador. Gostava imenso de crianças e de lhes contar histórias.

No dia 4 de Julho de 1862, convidou as três filhas do seu amigo Liddell - Alice, Lorina e Edite - para um passeio de barco no rio. Durante o passeio, como já era hábito sempre que estavam na companhia de Lewis, as três meninas pediram para que lhes contasse uma história muito divertida. Lewis começou a contar a história à medida que ia remando ao longo do rio. Fez três tentativas para que a história terminasse mas as meninas não o permitiram e iam pedindo para que continuasse. Quando a história terminou já passava das oito da noite e com ela findou também o passeio de barco dos quatro amigos.

Antes de se deitar, nessa mesma noite, Lewis escreveu toda a história tal como a tinha contado a Alice e às suas irmãs. Chamou-lhe Alice Debaixo da Terra. Só dois anos mais tarde, em 1864, é que a tornou a ler. Acrescentou-lhe então algumas personagens, acrescentou alguns capítulos (a história ficou com, sensivelmente, o dobro das páginas) e alterou o título para Alice no País das Maravilhas. O livro foi editado, no ano seguinte, em 1865. Seguiu-se-lhe, seis anos mais tarde, Alice do outro Lado do Espelho, em 1871.
Alice no País das Maravilhas
A obra completa manuscrita por Lewis Carroll
Quem lê estes dois livros maravilhosos e descobre todo aquele mundo de aventuras fantásticas e personagens mirabolantes, livros onde tudo parece governado pelo acaso e criado ao sabor da imaginação de Lewis Carroll, desengane-se. Muitas das personagens e situações dos livros foram inspirados em pessoas e factos reais pertencentes do quotidiano de Lewis e da comunidade onde viveu.

A começar pela própria Alice...

Alice Liddell
Duas fotografias tiradas por Lewis Carroll

Foi Alice Liddell, a filha do seu amigo Liddell, que inspirou Lewis para dar vida à pequena Alice. No entanto, apesar da proximidade entre ambas, não há registos das reacções da verdadeira Alice aos dois romances que Carroll escreveu. Talvez porque as diferenças entre ambas eram também evidentes: Alice Liddell era uma rapariga morena, banal e insípida, ao contrário da Alice de Lewis que era loira, esperta e espevitada.

Também a nogueira onde aparece o Gato de Cheshire, o gato que está sempre a rir, ainda hoje pode ser vista no jardim do Colégio de Deanery...
O Gato de Cheshire
E, na Catedral de Ripon, onde o pai de Lewis exercia funções de reverendo, existe talhada em madeira uma imagem de um grifo que serviu de inspiração para o Grifo amigo da Falsa Tartaruga, grifo que é também o símbolo do " Trinity College".

O Grifo na Catedral de Ripon O Grifo do País das Maravilhas

Os poemas e os versos que Alice recita, e que parecem não ter sentido nenhum, são sátiras aos poemas enfadonhos que as crianças inglesas daquela época tinham que saber de cor.

Quanto ao poema que Alice descobre no Livro do Espelho, e que só se consegue ler quando está reflectido no espelho porque está escrito ao contrário, foi na realidade escrito pelo sobrinho de Lewis, Stuart Dodgson Collingwood.

JABBERWOCKY
Era acendefogoahora e os plantuosos taxugantes
Girandavam e furandavam na passerva
Todos infláveis os burugaves
Foralar os xularecos dentafiavam
Guarda-te do Jabberwocky, filho!
Das mandíbulas que mordem, das garras que fincam.
Guarda-te do pássaro bisnau e evita.
O Bandersnatch da fita.

Tomando na mão, sua espada vorpal,
Longo tempo buscou o inimigo crucial.
E à árvore tentam chegando
Longo tempo ficou curtindo
E quando em pensamento todo
Anflipado estava
O Jabberwocky, olho ardente, pelo bosque maio
Bufando veio

Um, dois! Um, dois! Zás, catrapás,
A espada vorpal foi cortando.
morto o deixou,
E com a sua cabeça galufante voltou.

Mataste o Jabberwocky!
Vem a meus braços, radioso filho!
Ó dia abrindão! Kalamba! Kadia!
Cantou ele na sua alegria.
Era acendefogoahora e os plantuosos taxugantes
Girandavam e furandavam na passerva
Todos infláveis os burugaves
Foralar os xularecos dentafiavam

Também o dia do Lanche Maluco não é uma data ao acaso mas sim o verdadeiro dia de aniversário de Alice Liddell, 4 de Maio.

O Lanche Maluco

A história que o Chapeleiro e a Lebre de Março contam a Alice sobre as três irmãs que vivem num poço de mel - Elsie , Lacie e Tillie - refere-se às três irmãs Liddell, respectivamente, Lorina, Edite e, claro está, Alice.

A Porta que Alice ordena ao criado Rã que abra, é a caricatura da porta Norman da sacristia da Igreja onde o pai de Lewis Carroll era Reverendo.

A Porta Norman

O Capítulo sobre o Leão e o Unicórnio é inspirado nos símbolos das bandeiras de Inglaterra e Escócia, respectivamente.
Lewis aproveitou as características mais marcantes de alguns dos seus colegas na Universidade de Oxford e utilizou-as na caracterização de algumas das personagens dos seus livros:
professores que dão conselhos filosofais a Alice, tal a Lagarta

Conselhos de uma Lagarta

O professor Bartholomew, apaixonado por morcegos

Brilha, brilha, morceguinho!
Como te invejo!
Voa pelo céu
Como um tabuleiro de chá. Brilha, brilha...
Brilha, brilha...

o seu colega Duckworth que inspira Lewis no desenho do Pato

Uma Corrida Maluca

Professores que tal como Humpty Dumpty seriam capazes de discutir, com Alice, questões de semântica

Humpty Dumpty

O próprio muro onde Humpty Dumpty se balançava é uma caricatura dos muros da Universidade Oxford.
Na beira do Lago, onde Lewis e as três irmãs passeavam de barco, existiam de facto algumas cobras que inspiraram Lewis na história do Pai Guilherme que equilibrava uma cobra no nariz.
As três crianças tinham também, dias antes, assistido a uma actuação de equilibristas e acrobatas que estava de passagem por aquela região.

Pai Guilherme e a cobra

Quer tudo isto seja ou não pura coincidência, o certo é que as aventuras e peripécias de Alice continuam a encantar os seus leitores, jovens e adultos, tal como naquela tarde soalheira de domingo, encantaram as meninas Liddell. Aliás, os livros foram publicados, sem existir indicação de se eram para crianças ou para adultos. Quem os lê, independentemente da idade, fica fascinado com tanta loucura e disparate.

O êxito de Alice foi tal que a verdadeira Rainha - não a de Copas, mas a Rainha Vitória - chamou Lewis Carroll à sua presença dizendo-lhe que tinha adorado o livro. E perguntou:
- O Sr. já escreveu mais algum livro?
- Já, Majestade. Já escrevi mais alguns além deste!
- Quero lê-los todos! Mande-me um exemplar de cada!
No dia seguinte, chegavam à presença de sua Majestade, a Rainha Vitória, todos os tratados matemáticos escritos por Charles Dodgson (Lewis Carroll).

Alice no País das Maravilhas, uma edição de 1884

C. Dodgson adota então o pseudônimo de Lewis Carroll para as obras literárias, reservando o seu verdadeiro nome para as obras científicas. Após o sucesso de Alice in Wonderland, escreveu Through de Looking Glass (1871) que alcançou tanto sucesso como o primeiro. Seguiram-se-lhe: The Hunting of Snark (1876) uma poesia plena de nonsense que fascinou a crítica e Sylvie and Bruno (1889).

A partir de 1850, Lewis Carroll destacou-se também como fotógrafo tendo-se especializado em 2 tipos de fotografia: retratos de pessoas importantes da época (artistas, escritores, poetas, religiosos, cientistas, professores, etc.) e crianças (em geral, raparigas com idades entre os 8 e os 12 anos).

Charles Lutwidge Dodgson faleceu, em 1899, no dia 14 de Janeiro em Guilford, Inglaterra.

O Trabalho lógico e matemático de Lewis Carroll

Charles Dodgson foi um dos mais distintos professores de Lógica da Universidade de Oxford. Escreveu diversos livros, panfletos e pequenos textos para estudantes sobre Matemática e Lógica dos quais se destacam:

A Syllabus of Plane Algebraic Geometry (1860)
The Fifth Book of Euclid Treated Algebraically (1865/1868)
An Elementary Treatise on Determinants (1867)
Some Popular Fallacies about Vivesection (1875)
Euclid and His Modern Rivals (1879)
A Tangled Tale (1885)
The Game of Logic (1887)
Curiosa Mathematica, (1888)
Pillow Problems (1893)
Symbolic Logic (1896)
Em 1895, publicou na revista "Mind" aquele que viria a ser conhecido como "O Paradoxo de Carroll" - What the Tortoise said to Achilles.

Um dos traços característicos da lógica de Charles Dodgson é o poder de forçar as leis da lógica, explorar os limites da linguagem simbólica, mostrar os limites das formulações, no fundo, revelar o nonsense que pode estar escondido sob a aparência da correcção formal.

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