Arte Tumular

Arte tumular ou arte funerária é um termo usado para designar obras feitas para permanecerem em cima das sepulturas nos cemitérios e igrejas. É uma forma de representação que está ligada à cosmovisão de determinado contexto histórico, ideológico, social e econômico, interpretando a vida e a morte. Essa interpretação pode ser feita através de um conjunto de símbolos ou de uma obra narrativa, utilizando-se materiais variados como o mármore, o granito, o ferro fundido e o bronze.

A arte tumular atingiu seu apogeu nos séculos XVIII e XIX, sendo hoje menos utilizada em virtude do avanço do cemitério-jardim.

Simbologia

No caso dos símbolos, a representação remete a um significado diferente do objeto construído e colocado no túmulo, como, por exemplo, uma tocha com fogo, que remete à purificação da alma após a morte, ou seja, a tocha tem seu significado real transformado em um símbolo de purificação.

Com relação à obra narrativa o significado dos objetos construídos é literal e não metafórico, como no caso de muitos imigrantes que têm suas epopéias narradas desde a partida da terra natal com o navio até o final da vida como industrial no Brasil.

Nessas duas formas de representações podemos distinguir duas linhas: a nobreza e a burguesia industrial; a primeira utilizava mais o símbolo aliado a seus brasões e a segunda tinha a necessidade de demonstrar a sua importância através da suntuosidade.

• Material: Antigamente era usado o mármore de Carrara. Cada vez mais raro, passou a ser substituído pelo mármore comum, granito ou bronze.

• Pietá: A escultura de Maria com Jesus recem crucificado nos braços representa o desejo de que a alma seja bem recebida.

• Anjo que aponta: Quando a mão indica o céu, significa que o falecido era considerada uma pessoa boa e espera-se que ela vá direto para o paraíso.

• Anjo pensativo: Quando o anjo está pensativo, com a mão no queixo, significa que está refletindo sobre a vida do falecido e não existe certeza sobre a absolvição de seus atos em vida.

• Guirlanda: Simboliza o triunfo da vida sobre a morte.

• Pata do felino: Patas esculpidas nas quinas, são usadas para lembrar que o falecido era o responsável pelo sustento da família.

• Coluna partida: Representa o túmulo do último membro de uma família tradicional.

• Escada: Intervalada em dregaus finos e largos, representa a vida de altos e baixos que o morto teve.

Simbologia dos túmulos românticos em Portugal

Embora os símbolos usados na arte tumular sejam, muitas vezes, comuns a outras artes, essa simbologia utilizada nos túmulos só pode ser interpretada correctamente tendo em conta a época e o contexto social e cultural em que foram utilizados, pelo que, qualquer chave de interpretação pré-definida, pode redundar em conclusões erradas. Assim, nos túmulos erguidos nos cemitérios portugueses durante o Romantismo, os símbolos mais utilizados foram determinadas flores e coroas vegetalistas, figuras alegóricas (nomeadamente as que representavam virtudes cristãs), certos animais (como o cão, para demonstrar fidelidade), a cruz (como símbolo da fé cristã), tochas invertidas, ampulhetas e génios da morte (inspirados nos túmulos da Antiguidade Clássica), anjos (de diversos tipos), entre muitos outros.

Referências
1. ↑ QUEIROZ, José Francisco Ferreira - Os Cemitérios do Porto e a arte funerária oitocentista em Portugal. Consolidação da vivência romântica na perpetuação da memória. Tese de Doutoramento em História da Arte, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Porto, 2002. Sumário e prefácio consultáveis em http://dited.bn.pt/31118/2105/2598.pdf. Elenco de fontes e bibliografia consultável em http://dited.bn.pt/31118/2105/2599.pdf

Bibliografia
• REZENDE, Eduardo Coelho Morgado. Cemitérios. Editora Necrópolis. 2007
• Códigos do Além. Revista Super Interessante #274. P.46,47. Editora Abril. Janeiro de 2010.
• QUEIROZ, José Francisco Ferreira - Os Cemitérios do Porto e a arte funerária oitocentista em Portugal. Consolidação da vivência romântica na perpetuação da memória. Tese de Doutoramento em História da Arte, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Porto, 2002. Sumário e prefácio consultáveis em http://dited.bn.pt/31118/2105/2598.pdf. Elenco de fontes e bibliografia consultável em http://dited.bn.pt/31118/2105/2599.pdf


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Categorias: Cemitérios
Géneros de escultura
Monumentos funerários


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