Posso contrair herpes de uma amostra de maquiagem? O que poder
ser?
Tatiana Pronin Colaboração para UOL VivaBem
Sim, em tese é possível se contaminar não só com o vírus do
herpes como com bactérias e fungos, segundo especialistas consultados pelo UOL
VivaBem. Mas isso depende de várias condições para acontecer. Em primeiro
lugar, é preciso que o usuário que tem o vírus herpes simplex 1 ou 2 deixe uma
quantidade de saliva no produto, ou então que esteja na fase em que o risco de
transmissão aumenta: não só quando a lesão (bolha ou vesícula) está presente,
mas também um pouco antes de aparecer, fase chamada de pródromo. Também é
preciso que a outra pessoa utilize o produto pouco depois de alguém infectado,
já que o vírus não sobrevive por muitas horas em superfícies. Alguns estudos
indicam que o micro-organismo pode permanecer vivo por até quatro horas, o que
é menos que um vírus da gripe, que costuma sobreviver por até oito horas. Mas
isso depende muito de fatores como presença de umidade, calor e outros
micro-organismos. A verdade é que você nunca vai ter certeza de quando ou como
contraiu o vírus. É muito comum as pessoas se infectarem na infância, por
exemplo, e só apresentarem lesões muitos anos depois, por uma queda na
imunidade. De qualquer forma, os especialistas recomendam que se evite compartilhar
maquiagem e que as amostras das lojas não sejam testadas no rosto, e sim no
pulso, no dorso ou até na palma da mão. A rigor, produtos em pó ou bastão,
que não contêm água, não constituem ambientes propícios para o crescimento de
bactérias, fungos ou vírus. Mas não há como garantir que estejam estéreis. Por
mais que a loja higienize as amostras com frequência, e até deixe lenços e
álcool à disposição para os consumidores, é um material que, por ser aberto
manuseado várias vezes, acaba exposto à luz, ao calor, a poluentes, umidade,
células mortas e até coliformes fecais depositados por quem não lava
as mãos direito. É bom lembrar que o próprio herpes, além de vários outros
vírus, podem infectar os olhos, por isso é bom tomar cuidado com rímel, lápis e
delineador. Muita gente tem problemas até com a própria maquiagem, por
guardá-la em local quente e úmido, ou por negligenciar o prazo de
validade. Se a tentação em experimentar a maquiagem exposta na prateleira
ou da amiga for demais, passe um lenço de papel e retire uma fina camada do
produto antes e depois de usar. Se for possível borrifar ou mergulhar no álcool
também, melhor ainda. E solicite pincéis e aplicadores descartáveis à loja.
Fontes: Claudia Marçal (dermatologista/Sociedade Brasileira de
Dermatologia); Lucas Portilho (farmacêutico e professor/Instituto Brasileiro de
Ciências da Pele); Marcio Serra (dermatologista/Departamento de DST e AIDS da
Sociedade Brasileira de Dermatologia); Sociedade Brasileira de Infectologia.
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