Ontem fui avisada por telefone
enquanto me preocupava em recolher os pedaços de plástico de uma presilha de
cabelos que minha cadelinha inconsequente comeu que o Museu Nacional,
localizado na quinta da Boa Vista estava em chamas. Hoje depois de todas as
reportagens que vi e li. Permaneceu o sentimento de tristeza. Dá tristeza em ver
que 20 milhões de artefatos que representavam a história do país, coletados em
200 anos se foram em 6 horas de um incêndio que podemos dizer que foi um
verdadeiro inferno. É triste ver o que foi pedido. Todos aqui no Rio têm uma
lembrança sequer do local. Uma visita com o pai, uma excursão escolar, o
primeiro estágio da faculdade, o local de trabalho e/ou estudo onde alcançariam
maiores graduações como mestrados, especializações e doutorados. Quantas teses
e estudos ficarão sem fim? E o pior, é saber, e todos sabiam que essa era uma
tragédia anunciada.
Ouvi duas opiniões muito importantes: 1- esse descaso não é
de hoje, não é da ultima administração ou governo (mesmo que tenha contribuído,
já que a entidade recebeu esse ano 54 mil de uma verba de 520 milhões), mas é
um descaso de 200 anos, de todos os governos e de todos nós brasileiros. 2- que
o Rio de Janeiro se consumiu com esse incêndio. O Rio se findou. É mais uma
tragédia como todas que vemos todos os dias sobre os problemas que vivemos
diariamente aqui com segurança, saúde e educação.
Com esse incêndio colocamos uma
pá de cal no Rio de Janeiro e podemos enterrar boa parte da comunidade
cientifica do Estado. Muito mais de 20 milhões de oportunidades foram
incineradas e levadas pelo vento por 3 km quadrados. Luzia, a mais antiga
habitante das Américas, as peças de Pompéia e Herculano, as únicas múmias egípcias
nas Américas, os animais preservados e os fósseis, os artefatos indígenas. O
que ficou no museu por coincidência não pertence a esse mundo. O que resistiu
foi o meteorito Bendegó.
Janette Tamburro
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