Minha prática centra-se em idéias de beleza e feiúra e as
convenções que determinam nossa definição de cada uma. Estou interessada em
como vemos as coisas e como interpretamos o que vemos: minha maneira particular
de representar os corpos, usando tecidos, costuras e bordados, afeta a forma
como o conteúdo do trabalho é visto? Até certo ponto, vejo meu trabalho como
uma investigação da divisão entre artesanato e arte.
Eu amo corpos. E não são os corpos convencionalmente bonitos
que me chamam a atenção, são os corpos que mostram a sua história, que foram
alterados por suas experiências, que estão decorados com contusões, cicatrizes,
manchas, estrias, sardas, pigmentação, veias. Corpos que têm as marcas da vida
sobre eles. Mas também corpos que foram deliberadamente alterados e decorados -
pelo homem e não pela vida - Escarificação, tatuagens, cirurgia plástica,
enchimentos, etc. Algumas características de corpos são inerentemente lindas,
feias ou repugnantes? Ou porque vemos tudo através do véu da cultura, da moda e
da convenção é quase impossível vermos os corpos objetivamente?
Atualmente, estou fazendo uma série de peças médicas /
cirúrgicas, mostrando corpos que foram alterados por doença ou cirurgia. Minha
avó (um estofadora e costureira de grande habilidade) teve a mama removida como
resultado de um câncer e foi extremamente grata ao cirurgião por salvar sua
vida. Mas ela era quase tão apreciadora do que era um lindo trabalho de costura
que ele havia feito. Ela estava muito orgulhosa de sua cicatriz.
Sally Hewett
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