sábado, 30 de agosto de 2014

A mentira

Toda vez que termina algo em nossas vidas, desejamos que o término seja não somente se possível bom, que seja com respeito mútuo. O que devasta são anos de vida em comum, seja um casamento, uma parceria, uma sociedade ou vínculo empregatício que deveriam terminar com consentimentos de ambas as partes, mas depois, com  as descobertas de segredos, vêm os problemas. O pior não é descobrir que coisas erradas foram feitas. Isso é muito ruim, mas dependendo de com quem estejamos lidando isso é até esperado. O pior mesmo, é descobrir coisas que não deveriam ter sido feitas com seres que não têm discernimento para se defenderem. A mentira não é um fato que por si só machuca, mas seus desdobramentos na maior parte das vezes afetam quem nada tem a ver com isso. Um dia houve amor, amizade, cumplicidade, vontade de ajudar a crescer, participar da vida em comum. Depois houve a tristeza vivida a dois; sofrida e dolorosa por pelo menos uma das partes. Segredos são revelados, máscaras caem como moscas mortas, e aí o que resta não é nem piedade, pois não se pode ter piedade de um ser que não tem alma. Resta dor. A dor simples e dura, que nos faz desejar amputar de nossas vidas tudo que um dia foi passado junto. Seja bom ou ruim. Tudo virou algo sem valor, sem sabor, sem cor. E nisso, vemos às vezes 15 anos passarem. Anos em que nos culpamos de coisas que pensávamos que eram problemas nossos, mas eram tão somente mentiras disfarçadas, verdades ocultadas, sob o véu de quem na verdade nunca disse a verdade. Quem realmente é e o que realmente quer. Mentir para quem vive ao seu lado é algo muito sério. Algo que na maioria das vezes não tem perdão e na verdade, nunca terá. Você é, na ironia da verdade somente uma mentira que vive, respira, fala, interage com o outro, mas é desprovido de alma. E eu, hoje, que um dia amei e admirei choro. Não por mim, mas pelos inocentes que passaram por você, em seu caminho de vida como eu fui um dia, hoje não mais. Eu estou bem, estou o mais longe que posso de você, e isso é uma dádiva, um presente divino. Eu choro, por quem precisa estar ao seu lado ou ao seu redor, seja por qual motivo for.


Nenhum comentário:

Postar um comentário