CALIPSO
Calipso era uma ninfa do mar,
expressão que abrange numerosa classe de divindades femininas de categoria
inferior, mas que, ao mesmo tempo, compartilhavam muitos dos atributos dos
deuses. Calipso acolheu Ulisses hospitaleiramente, entreteve-o com
magnificência, apaixonou-se por ele e procurou retê-lo para sempre,
conferindo-lhe a imortalidade. Ele, porém, manteve sua disposição de regressar
à pátria, para junto da esposa e do filho. Calipso, afinal, recebeu ordens de
Jove para deixá-lo partir. A mensagem foi levada por Mercúrio, que a encontrou
em sua gruta, assim descrita por Homero:
Verdejante, viçosa trepadeira
Forrava os muros da espaçosa gruta.
Em torno, quatro fontes cristalinas
Derramavam na terra a pura linfa,
Que corria em regatos sinuosos,
Entre a verdura tenra, que violetas
Purpúreas enfeitavam.
Era um cenário
Que qualquer deus veria com deleite.
Embora com muita relutância,
Calipso dispôs-se a obedecer às ordens de Júpiter. Forneceu a Ulisses os
recursos para a construção de uma jangada, aprovisionou-o bem e assegurou-lhe
um vento favorável. Ulisses viajou satisfatoriamente durante muitos dias, até
que, afinal, quando já estava à vista da terra, desencadeou-se uma tempestade,
que derrubou o mastro e ameaçou fazer soçobrar a embarcação. Nessa situação
crítica, ele foi visto por uma ninfa do mar que, compadecida, pousou na
jangada, sob a forma de um corvo marinho, e ofereceu-lhe um cinto,
aconselhando-o a colocá-lo, pois, se fosse obrigado a se lançar à água, esse
cinto o faria flutuar, permitindo-lhe alcançar a terra a nado.
Em seu
romance Telêmaco, Fénelon conta-nos as aventuras do filho de Ulisses,
quando à procura do pai. Entre outros lugares aonde chegou o jovem, seguindo as
pegadas paternas, estava a Ilha de Calipso e, como no caso anterior, a deusa
tentou todos os artifícios para conservá-lo consigo e ofereceu-se para
compartilhar com ele a imortalidade. Minerva, porém, que acompanhava o jovem,
sob a forma de Mentor, e dirigia todos os seus movimentos, o fez repelir as
tentações da deusa e, quando nenhum outro meio foi encontrado para escapar, os
dois amigos lançaram-se de um rochedo ao mar e nadaram até um navio que se
encontrava ao largo. Byron faz alusão ao pulo de Telêmaco e Mentor nos
seguintes versos:
Surge no mar a ilha de Calipso
Onde sorri um porto,
embora a deusa
Formosa de chorar
cessara há muito,
Como cessou de olhar
sobre o rochedo
Aquele que escolheu
mortal esposa.
Aqui também seu
filho ao mar, ousado,
Se atirou, a
conselho de Mentor,
Deixando suspirosa a
linda deusa.
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