Eu sempre tive poucas informações sobre minha mãe, tudo
muito superficial, talvez dada a seriedade do meu pai ou dor da perda dele e de
meus irmãos, as informações eram de atitudes, de como ela era com a criação de
seus filhos e principalmente a defesa com relação aqueles que amava. Eu sofri,
ao posso negar, ainda mais tê-la perdido tão jovem.
Ambas eram jovens. Eu com sete ela com quarenta e três.
Então ela se tornou algo quase intangível, com uma aura de mistério que não sei
se fez bem ou mal a mim. Isso é somente com relação a que tipo de pessoa ela
foi realmente na intimidade, pois apesar de ter perdido minha mãe, eu tive
praticamente cinco pães. Meu pai e quatro irmãos que na medida do possível se
desdobravam para que essa falta fosse o menos traumática possível e posso
dizer, eles foram bem sucedidos.
Mas havia sempre a curiosidade, e quando falamos de
crianças isso fica ainda mais aguçada. Como eu gosto muito de ler, eu sempre
tive a curiosidade de saber qual seria o livro preferido dela. Um dia meu pai
me disse que era O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heights). Resolvi ler
esse clássico inglês. E admito que foi interessante ver porque essa história de
amor, amargura e arrependimentos se tornou tão popular. Tive a oportunidade de
ver em vídeo uma versão feita em 2011 pela diretora Andrea Arnold que a meu ver
fez a versão mais parecida com o livro. Dura, crua, difícil de ver e gostar.
Mas foi isso que atraíram tantos a Brontë. A dificuldade daquele amor, a
impossibilidade dele. A pele escura de Heatchliff, seus
sofrimentos, seu
embrutecimento, os caprichos infantis de Cathy e o amor impossível dos dois que
passou por cima de tudo e todos. Atitudes condenáveis, que atravessaram
gerações até uma possível redenção. Isso foi o que o livro me passou, isso foi
o que senti, espero que cada um que venha ler essa mera opinião possa ter em
mãos o livro e tirar suas próprias conclusões.
Wuthering Heights.
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