BEOWULF
Embora o manuscrito que contém o poema épico de Beowulf tenha sido
escrito, aproximadamente, — no ano 1000 de nossa era, o próprio poema já era
conhecido há séculos, tendo sido composto pelos menestréis que recitavam os
feitos heróicos do filho de Ecgtheow e sobrinho de Hygelac, Rei dos Geats, cujo
reino ficava na atual Suécia Meridional. Em sua infância, Beowulf deu provas de
grande força e coragem, que o levaram, depois de adulto, a libertar Hrothgar,
Rei da Dinamarca, do monstro Grendel e, mais tarde, seu próprio reino do feroz
dragão que lhe infligiu um ferimento mortal. Beowulf conquistou fama vencendo
muitos monstros marinhos, quando nadou durante sete dias e sete noites, antes
de chegar ao país dos fineses. Ajudando a defender a terra de Hetware,
matou muitos inimigos e, mais uma vez, mostrou suas qualidades de nadador,
levando ao seu navio as armaduras de trinta de seus perseguidores, que matara.
Tendo-lhe sido oferecida a coroa de seu país natal, Beowulf, então muito jovem,
recusou-a, em favor de Heardred, filho da rainha, ainda criança, de quem se
tornou guardião e conselheiro, até que ele pudesse governar sozinho.
Durante doze anos, Hrothgar, Rei da Dinamarca, sofreu as
conseqüências das devastações praticadas em seu país por um monstro cruel,
Grendel, que era encantado, não podendo morrer por qualquer arma construída
pelo homem, morava nas terras desertas e que, certa noite, saiu para atacar o
palácio de Hrothgar, aprisionando e matando muitos de seus convivas. Sabendo,
pelos marinheiros, das sanguinolentas expedições de Grendel, Beowulf partiu,
com quatorze companheiros decididos, para prestar ao rei sua valiosa ajuda.
Ao
desembarcar na costa dinamarquesa, foi tomado por espião, mas conseguiu
convencer os guardas que o deixassem passar e foi acolhido prazerosamente por
Hrothgar. Quando o rei e sua corte foram dormir, à noite, Beowulf e seus
companheiros ficaram sozinhos no palácio. Todos, com exceção de Beowulf,
adormeceram. Grendel entrou e matou um dos companheiros de Beowulf adormecido,
mas o jovem, embora desarmado, lutou com o monstro e, graças a sua força
prodigiosa, conseguiu arrancar-lhe o braço.
Mortalmente ferido, Grendel
retirou-se, deixando um rastro sangrento, desde o palácio até o seu covil.
Tendo perdido o temor de outro ataque por parte de Grendel, os dinamarqueses
voltaram ao palácio, e Beowulf e seus companheiros foram abrigados em outro
lugar. A mãe de Grendel foi-se vingar do ferimento fatal sofrido por seu filho
e levou consigo um nobre dinamarquês e a pata do monstro que ficara no palácio.
Seguindo o rastro sangrento, Beowulf foi liquidar a mãe do monstro e, armado
com sua espada Hrunting, chegou à beira dágua, mergulhou e nadou até um aposento
no fundo do mar. Ali enfrentou a mãe de Grendel, matando-a com uma velha espada
que encontrou na caverna marítima.
Perto estava o corpo de Grendel. Beowulf
cortou-lhe a cabeça e levou-a como troféu ao Rei Hrothgar. Grande foi o
regozijo no palácio e maior foi a acolhida a Beowulf, quando regressou à sua
terra, onde lhe foram concedidos muitos bens e altas honrarias. Pouco depois, o
rei menino Heardred foi morto na guerra com os suecos, e Beowulf sucedeu-lhe no
trono. Durante cinqüenta anos, ele reinou em paz. Depois , um
dragão, furioso porque lhe fora roubado seu tesouro, colocado em um túmulo,
começou a devastar o reino de Beowulf. Como Grendel, esse monstro saía de seu
covil à noite para pilhar e devastar.
Beowulf, agora um idoso monarca, resolveu lutar sozinho contra o
dragão. Aproximou-se de seu covil, de onde saía um vapor fervente. Sem se
intimidar, avançou, gritando um desafio. O dragão saiu, lançando fogo pela
boca, e investiu contra Beowulf, furioso, quase o esmagando nesse primeiro
ataque.
Tão terrível foi a luta que todos os homens que acompanhavam o rei, com
exceção de um só, abandonaram-no e fugiram para salvar a pele. Wiglaf
permaneceu ao lado do velho rei, cuja espada foi despedaçada por nova investida
do monstro, que cravou as garras no pescoço de Beowulf. Correndo para
participar da luta, Wiglaf ajudou o herói já moribundo a matar o dragão.
Antes de morrer, Beowulf nomeou Wiglaf seu
sucessor no trono e ordenou que suas próprias cinzas fossem colocadas em um
santuário, no alto de um rochedo, junto ao mar. Seu corpo foi queimado em uma
grande pira funerária, enquanto doze homens rodeavam o túmulo cantando, para
manifestar seu pesar e lembrar as proezas do bom e grande homem, Beowulf.
*Do Livro de Ouro da Mitologia
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