terça-feira, 14 de maio de 2013

Padre Luiz

Já tive provas em minha vida onde achava que caminhava só, mas não, estava somente nos braços de Jesus. Tudo que passamos na vida são reações de ações que praticamos, por querer ou não, por boa vontade ou não, por castigo ou não, mas sempre reações. Pois venho passando por uma reação. E por estar assim, minha reação natural é o afastamento. Sinto-me mais confortável assim, reclusa. Mas ontem eu fui à rua e na ida ouvi os sinos da igreja tocarem e tentei imaginar o por que. E ao voltar de meu compromisso parei, pensei, cheguei a me afastar, mas uma conhecida voz me atraiu. Lembro-me das três últimas vezes que estive na igreja do meu bairro: Para pedir por um amigo que estava muito doente, era a hora dele. Viveu bem, viveu feliz ao lado da última pessoa que com ele esteve. Por um matrimônio, não adiantava mais, o certo seria cada um viver suas vidas em caminhos distintos sem nunca esquecer o tempo que foram felizes e em uma missa de falecimento. Isso nunca é um momento bom, mas além de chorar por sua morte estávamos lá para celebrar a vida que a pessoa teve. E ela foi feliz, sim, nossas vidas não são feitas só de tristezas. Mas a familiar voz me chamou e fui. Curvei-me
em respeito à casa do Senhor, e me sentei bem ao fundo onde todos estavam de costas para mim. E era assim que eu me sentia que todos a quem confiei agora estão de costas para mim, mas havia uma pessoa que estava de frente para mim, com certeza a mais importante ali. O Padre Luiz o querido e temido padre Luiz. Eu era só mais uma ali, um ser errante, que nunca fez parte realmente da paróquia, mas ontem foi aniversário dele e a missa celebrada por ele era por isso. Não era dia de missa, eu não queria sair, eu não queria falar. E foi confortador ouvir aquela voz que comemorava ali, com aquelas poucas pessoas seus 58 anos de vida, paroquianos com certeza e eu deslocada, mas sentindo a alegria de seus sorrisos largos e na felicidade genuína que emanava ali e por alguns momentos eu me senti em paz recebendo dele um pedacinho da paz que ele ali estava
a dividir. E me pus a pensar em tantos casamentos que ele celebrou, eu participei de alguns fosse entrando bonitinha com as alianças ou jogando-as para o alto e correndo para os braços de meu pai. Mas ele sempre esteve lá. Os casais se diferenciavam, mas ele era a constante, ele era o representante de Deus no local, ele estava ali para abençoar as novas vidas que se iniciavam. Ontem foi a nossa vez de abençoar ele, por seu aniversário. Éramos nós e Deus a celebrar. E por alguns momentos houve paz, felicidade e alegria genuína em uma segunda-feira como qualquer outra.



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