Passava da meia
noite, e o que brilhavam eram somente a fraca luz do monitor, do vício adquirido
e uma pequena luz que fazia o ambiente bailar na frente de seus olhos. O cheiro
do vinho a incomodava, mas o gosto aliviava a dura conversa virtual que
travava. A mistura entre as conversas banais e a profunda magoava seu ser e
faziam brotar lágrimas em seus olhos que tantos vazios elogios já haviam
recebido. A conversa era crucial, definitiva e colocava um ponto em uma situação.
Não tinha como saber naquele momento se era um ponto final, parágrafo ou ponto
e vírgula. Mas mantinha com positividade e dignidade a conversa. O tipo de
conversa que não era totalmente estranha para ela. As afirmações do outro lado
da tela eram categóricas, mas a experiência adquirida não a deixava acreditar
em tais palavras. Para sempre, solidão, injustiça. Do seu lado ela rebatia com:
hábitos e costumes, o tempo cura, com a solidão não se vive plenamente. A paciência
que havia ali naquele momento e que não havia durante todo o decorrer do dia
era genuína. A vontade de ajudar era real, e real também eram as convicções em
suas afirmações, mesmo que fossem a todo o momento rebatidas. Já havia passado
por isso antes. E a sensação era de que: “Se não é para ser, não será!”. Havia
uma certeza. A de que não iria mudar suas convicções pelo bel prazer do outro,
nem ela, nem ninguém, isso já havia aprendido na carne em outras situações. A conversa
terminou com um gosto de tristeza, pelas coisas que ouviu não por pena de si própria,
mas pelo vislumbre dos pensamentos do outro, que transformados em palavras
chegavam aos seus olhos por meio da tela e a imaginação da luta travada dentro
daquele ser que estava do outro lado tentando convencê-la e a si próprio.
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