"As pessoas são um
cheiro.
É pelo cheiro que as
catalogamos no íntimo arquivo dos desejos.
A que cheira um amante? Uma
rosa cheira a rosa. Um cravo cheira a cravo. Não sei a que cheira uma orquídea.
Mas sei que todas as orquídeas cheiram igual. Já os amantes, ah!, nenhum repete
o cheiro. Os que nos refrescam têm cheiro de rio, os que nos enchem têm cheiro
de mar.
Todas os apaixonados têm um cheiro úmido. Como a boca. Como o sexo.
Todas os apaixonados têm um cheiro úmido. Como a boca. Como o sexo.
Só
gostamos de uma pessoa quando gostamos do seu cheiro. Quando tudo nos leva a
bebe-la, como um chá quente, excitante, aromático. Se não gostarmos do seu
cheiro não conseguimos ama-la, nem na pele nem na alma. Podemos ser amigos,
companheiros, nunca amantes. Amar é beber um cheiro. É transporta-lo para
dentro de nós.
E nós só amamos verdadeiramente uma pessoa quando cheiramos seu cheiro.."
E nós só amamos verdadeiramente uma pessoa quando cheiramos seu cheiro.."
* do escritor português João Morgado, no livro Diário dos Infiéis.
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