MIDAS
Certa vez, Baco deu por falta de seu mestre e pai de criação, Sileno. O velho andara bebendo e, tendo perdido o caminho, foi encontrado por alguns camponeses que o levaram ao seu rei, Midas. Midas reconheceu-o, tratou-o com hospitalidade, conservando-o em sua companhia durante dez dias e dez noites, no meio de grande alegria. No décimo - primeiro dia levou Sileno de volta e entregou-o são e salvo a seu pupilo. Baco ofereceu, então, a Midas o direito de escolher a recompensa que desejasse, qualquer que fosse ela. Midas pediu que tudo em que
tocasse imediatamente fosse mudado em ouro. Baco consentiu embora pesaroso por não ter ele feito uma escolha melhor. Midas seguiu caminho, jubiloso com o poder recém-adquirido, que se apressou a pôr em prova. Mal acreditou nos próprios olhos quando viu um raminho que arrancara de um carvalho transformar-se em ouro em sua mão. Segurou uma pedra; ela mudou-se em ouro. Pegou um torrão de terra; virou ouro. Colheu um fruto na macieira; ter-se-ia dito que furtara o jardim das Hespérides. Sua alegria não conheceu limite e, logo que chegou à casa, ordenou aos criados que
servissem um magnífico repasto. Então verificou, horrorizado, que, se tocava o pão, este enrijecia em suas mãos; se levava a comida à boca, seus dentes não conseguiam mastigá-la. Tomou um cálice de vinho, mas a bebida desceu-lhe pela garganta como ouro derretido.
Consternado com essa aflição sem precedente, Midas lutou para livrar-se daquele poder: detestava o dom que tanto cobiçara. Tudo em vão, porém; a morte por inanição parecia aguardá-lo. Ergueu os braços, reluzentes de ouro, numa prece a Baco, implorando que o livrasse daquela
fulgurante destruição. Baco, divindade benévola, ouviu e consentiu. — Vai ao Rio Pactolo — disse —, segue a corrente até a fonte que lhe dá origem, ali mergulha tua cabeça e teu corpo e lava tua culpa e o teu castigo. Midas assim fez e mal tocara as águas, antes mesmo de terem passado para elas o poder de transformar tudo em ouro, as areias do rio tornaram-se auríferas, e assim continuam até hoje. Dali por diante, Midas, odiando a riqueza e o esplendor, passou a morar no campo, longe da cidade, e a cultuar Pã, o deus dos campos. Certa ocasião, Pã teve a temeridade de comparar sua música à de Apolo, e de desafiar o deus da lira para uma competição. O desafio foi
aceito, e Tmolo, o deus da montanha, foi escolhido como árbitro. O velho acomodou-se e tirou as árvores de seus ouvidos, para escutar. A um dado sinal, Pã tocou sua avena e, com sua rústica melodia, deu grande satisfação a si mesmo e a seu fiel devoto Midas, que se achava presente. Em seguida, Tmolo virou a cabeça para o Rei Sol, e todas as árvores acompanharam seu gesto. Apolo ergueu-se, com a testa enfeitada do louro parnasiano, e a túnica de púrpura tíria arrastando-se no chão. Com a mão esquerda, segurava a lira, que dedilhava com a direita. Empolgado com a harmonia, Tmolo imediatamente concedeu a vitória ao deus da lira, e todos concordaram com o julgamento, menos Midas, que discordou
e pós em dúvida a justiça do prêmio. Apolo não tolerou que um par de orelhas de tão depravados ouvidos continuasse a ter a forma humana, e fê-las aumentar de tamanho, tornarem-se peludas, por dentro e por fora, e adquirirem movimento próprio; em suma: tornaram-se perfeitamente iguais às orelhas de um burro. O Rei Midas sentiu-se bastante mortificado com a deformação, mas consolou-se, lembrando-se de que era possível esconder o infortúnio, o que tentou, por meio de um amplo turbante. O cabeleireiro, porém, ficou, evidentemente, a par do segredo. Teve ordem de não revelá-lo, sendo ameaçado de terrível castigo, se atrevesse a desobedecer. Verificou, porém, que era demais para sua discrição guardar o segredo; e, assim,
Foi ao campo, abriu um buraco no chão, e, abaixando-se, contou o caso, em voz baixa, e tampou o buraco. Pouco depois, crescia no local uma touceira de juncos que, logo que atingiu certo tamanho, começou a contar o caso em sussurro, e assim faz até hoje, todas as vezes que a brisa sopra sobre o local. A história do Rei Midas tem sido contada por outros com algumas variantes. Dryden, em seu poema "História do Banho", atribui à rainha, esposa de Midas, a revelação do segredo: A ninguém o segredo das orelhas Midas ousou confiar, senão à esposa. Midas era rei da Frígia e filho de Górdio, um pobre camponês, que foi escolhido pelo povo para rei, em obediência à profecia do oráculo, segundo a qual o futuro rei chegaria numa carroça. Enquanto o povo estava deliberando, Górdio chegou à praça pública numa carroça,
com a mulher e o filho. Tornando-se rei, Górdio dedicou a carroça à divindade do oráculo, amarrando-a com um nó, o famoso nó górdio, a propósito do qual se dizia que, quem fosse capaz de desatá-lo, tornar-se-ia senhor de toda a Ásia. Muitos tentaram em vão, até que Alexandre Magno chegou à Frígia, com suas conquistas. Tentou também desatar o nó, com o mesmo insucesso dos outros, até que, impacientando-se, arrancou da espada e cortou-o. Quando, depois, conseguiu subjugar toda a Ásia, começou-se a pensar que ele cumprira os termos do oráculo em sua verdadeira significação.
Isso consta no Livro de Ouro da Mitologia.
Mas fora a mitologia, na verdade...
O verdadeiro Rei Midas
Os Frígios estavam entre os povos balcânicos que chegaram à Anatólia (parte Asiática da Turquia) aproximadamente em 1200 a.C. e substituiu a civilização Hitita nesta região. A Frígia desenvolveu uma avançada cultura na Idade do Bronze e o governante mais conhecido deste reino foi Midas, que governou a Frígia no século VIII a.C. Durante seu governo, a Frígia alcançou enorme prosperidade, graças às suas minas de ferro e ouro. É bem provável que a lenda do Rei Midas da Mitologia Grega tenha surgido por causa das riquezas deste monarca.
Em 1957 o túmulo deste rei foi descoberto na cidade de Gordion. O esqueleto do monarca com 60 a 65 anos encontrava-se em uma câmara mortuária de madeira. Na sepultura, foram encontrados vários objetos como; mobílias de madeira, caldeirões de bronze e pratos de cerâmica que ainda continham restos de um farto banquete.
Os restos mortais do Rei Midas e alguns de seus pertences estão expostos no Museu das Civilizações da Anatólia em Ankara.
O Nó de Górdio
O Nó de Górdio
Midas expandiu o império, porém, morreu sem deixar herdeiros. O Oráculo foi ouvido novamente e declarou que quem desatasse o nó de Górdio dominaria toda a Ásia Menor.
Quinhentos anos se passaram sem ninguém conseguir desatar o nó, até que Alexandre, o Grande, ao passar pela Frígia ouviu a lenda e, intrigado com a questão, foi até o templo de Zeus observar o feito de Górdio. Após muito analisar, desembainhou sua espada e cortou o nó. Lenda ou não o fato é que Alexandre se tormou senhor de toda a Ásia Menor poucos anos depois.
É daí também que deriva a expressão "cortar o nó górdio", que significa resolver um problema complexo de maneira simples e eficaz.
Quinhentos anos se passaram sem ninguém conseguir desatar o nó, até que Alexandre, o Grande, ao passar pela Frígia ouviu a lenda e, intrigado com a questão, foi até o templo de Zeus observar o feito de Górdio. Após muito analisar, desembainhou sua espada e cortou o nó. Lenda ou não o fato é que Alexandre se tormou senhor de toda a Ásia Menor poucos anos depois.
É daí também que deriva a expressão "cortar o nó górdio", que significa resolver um problema complexo de maneira simples e eficaz.
Nota: Os Lídios foram a Civilização que ocupou o território onde antes era a Frígia. O mais famoso rei da Lídia foi Creso que, segundo a lenda, recolhera do leito do rio Pactolo as areias auríferas, ali deixadas pelo rei Midas.
Essa parte vem de portalturquia.com
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