
Orfeu era apaixonado por Eurídice, filha de Apolo. Os dois se apaixonam de um modo total, um amor tão forte que precisou ser selado com uma união definitiva e imortal, um casamento. O deus Himeneu, protetor das núpcias, foi convidado para abençoar a união, mas durante a cerimônia sua tocha fumegou sinal de mau agouro. Ele pressente que uma tragédia recairá sobre os noivos, uma angústia de que a felicidade dos amantes durará pouco. Não suportando mais permanecer no local com suas tristes suspeitas, ele decide ir, mas Orfeu pede que ele fique o que ele faz, mesmo sentindo a dor da separação do casal. A festa termina, e Eurídice, acompanhada de suas amigas ninfas, comemora e dança de felicidade nos campos próximos ao rio Pineios, na Tessália. Orfeu a aguarda no leito para consumar a união com o ato sexual, mais puro

Entretanto, os maus presságios de Himeneu se cumprem. O apicultor Aristeu passava por ali e, vendo-a banhar-se no rio completamente nua, sente um desejo violento de possuí-la. Ele a persegue, e Eurídice corre rapidamente pra fugir de sua investida. Ela tropeça e cai em um fosso cheio de serpentes venenosas. E em poucos instantes morre. Sua alma desce silenciosamente aos subterrâneos dos Infernos, reino de Hades e Perséfone, residência final de todos os mortos. Na escuridão do Tártaro, ela chora a perda do amado. Orfeu, descobrindo seu corpo, fica desesperado de dor, tenta acordá-la, beija-lhe os lábios frios, canta suas doces melodias, mas nada trará Eurídice de volta. As ninfas companheiras da bela noiva vingam-se de Aristeu matando todas suas abelhas.

Com sua música suave, encantou de tal forma o mundo ctônio, que até mesmo a roda de Ixion parou de girar, o rochedo de Sísifo deixou de oscilar, Tântalo esqueceu a fome e a sede,
as Danaides descançaram de sua labuta eterna de encher tonéis sem fundo. Orfeu conseguiu persuadir Caronte, o barqueiro, a conduzí-lo até o portal dos infernos. Fez com que o feroz Cérbero o cão de três cabeças se acalmasse; as Fúrias se aquietassem e as Moiras parassem de tecer os fios da vida, e todos os deuses e divindades das profundezas se comoveram diante de seu sofrimento e verdadeira prova de amor.

Finalmente, o herói chega ao imponente trono de escuridão dos Imperadores dos mortos, Hades e Perséfone. O deus imediatamente irrita-se ao ver uma criatura viva em seus domínios, e ordena-lhe uma explicação. Orfeu lhe responde com uma canção, acompanhado de sua lira:


Mas então se virou, para se certificar de que Eurídice o estava seguindo. Por um momento ele a viu, perto da saída do túnel escuro, perto da vida outra vez. Mas enquanto ele olhava, ela se tornou de novo um fino fantasma (ou em outras versões uma estátua de sal), seu
grito final de amor e pena não mais do que um suspiro na brisa que saía do Mundo dos Mortos. Orfeu ainda tentou voltar, mas, o barqueiro não permitiu, ele a havia perdido para sempre.

Em desespero total, Orfeu se tornou amargo. Recusava-se a olhar para qualquer outra mulher, não querendo lembrar-se da perda de sua amada. Posteriormente deu origem ao Orfismo, uma espécie de serviço de aconselhamento; ele ajudava muito os outros com seus conselhos , mas não conseguia resolver seus próprios problemas.
Inconsolável pela perda da esposa Orfeu passou a repelir todas as mulheres. Mergulhado na dor novamente, Orfeu optou por uma vida de pregações, tornando-se um guia espiritual que alertava os trácios sobre os malefícios que os sacrifícios poderiam trazer aos homens. Naquele momento, Dionísio, enciumado pela fama de Orfeu, que começava a ser adorado como uma divindade amaldiçoou-o, fazendo
com que as Menades enlouquecidas o matassem, cortando-o em pedaços.

Chorando, as nove Musas, condoídas com a sorte de Orfeu, reuniram seus pedaços e os enterraram no monte Olimpo. Dizem que, desde então, os rouxinóis das proximidades cantaram mais docemente que os outros. Pois Orfeu, na morte, se uniu à sua amada Eurídice. Orfeu é a imagem do ferido que cura aquela pessoa que por sua bondade e compaixão consegue curar os outros e que, no entanto, não consegue jamais curar as feridas do próprio coração.
Quanto às Mênades, que tão cruelmente mataram Orfeu, os deuses não lhes concederam a misericórdia da morte. Quando elas bateram os pés na terra, em triunfo, sentiram seus dedos se espicharem e entrarem no solo. Quanto mais tentavam tirá-los, mais profundamente eles se enraizavam. Suas pernas se tornaram madeira pesada, e também seus corpos, até que elas se transformaram em carvalhos silenciosos. E assim permaneceram pelos anos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao som da lira de Orfeu, até
que por fim seus troncos mortos e vazios caíram ao chão.

Algumas interpretações deste mito, dizem que as pessoas que se dedicam a ajudar os outros, (Psicologia, psiquiatria, assistente social e até mesmo aqueles que fazem muita caridade), são pessoas que reconhecem que sofrem ou sofreram algum problema grave e agora buscam estas áreas tentando evitar que os outros, sofram o que eles sofreram, ou seja, é aquele que cura mas que não consegue se auto curar. Dizem ainda que no fundo essas pessoas estão se auto enganando, pois evitar que os outros sofram, não vai apagar o que eles mesmos sofreram.
* AS MUSAS
As Musas, filhas de Júpiter e Mnemósine (Memória), eram as deusas do canto e da memória. Em número de nove, tinham as musas a seu encargo, cada uma separadamente, um ramo especial da literatura, da ciência e das artes. Calíope era a musa da poesia épica, Clio, da história, Euterpe, da poesia lírica, Melpômene, da tragédia, Terpsícore, da dança e do canto, Erato, da poesia erótica, Polímnia, da poesia sacra, Urânia, da astronomia e Talia, da comédia.
Calíope ~ Eloqüência

Significado do nome: "Formoso rosto".
Clio ~ História

Significado do nome "Proclamadora"
Erato ~ Poesia erótica

Significado do nome: "Adorável"
Euterpe ~ Música

Significado do nome : "Delícia"
Melpômene ~ Tragédia

Significado do nome: "Coro"
Polímnia ~ Poesia lírica

Significado do nome: "Muitas canções"
Terpsícore ~ Dança

Significado do nome: "Delícia de dançar"
Talia ~ Comédia

Significado do nome: "Festividade"
Urânia ~ Astronomia

* MÊNADES
Na mitologia grega, as Ménades, ou Mênades, (de mainomai, "enfurecido"), também conhecidas como bacantes, tíades ou bassáridas, eram mulheres seguidoras e adoradoras do culto de Dioniso (ou Baco). Eram conhecidas como selvagens e endoidecidas, de quem não se conseguia um raciocínio claro. Durante o culto, dançavam de uma maneira muito livre e lasciva, em total concordância com as forças mais primitivas da natureza. Os mistérios que envolviam o deus provocavam nelas um estado de êxtase absoluto...O culto das bacantes são cortejos orgiásticos de mulheres que, num transe coletivo, dançando, cantando e tocando tamborins em honra a Dioniso, invadiram a Grécia para impor a adoração de seu deus, e fazer com que este fosse reconhecido e adorado... Normalmente são representadas nuas ou vestidas somente com peles de veado, grinaldas de hera e empunhando um tirso (bastão envolto em ramos de videira).

Fonte: O livro de ouro da mitologia, de Thomas Bulfinch
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